Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Seus discos, meus livros

Deus me livre, mas esses discos eu não quero! Tirando o “Boa sorte”, em que a Vanessa da Mata prestigia o Bem Harper, e as coisas que a Danni Carlos sabe, só dá porcaria na parada de sucesso. D’algumas, até arrisquei os primeiros acordes, mas você acha que eu ia perder tempo a ouvir “Chupa que é de uva”, perpetrado por uns tais Aviões do Forró? Tenha dó. (Rimou melhor do que qualquer verso dessa aberração.). E estreou no ‘hit parade’ logo em 9º lugar. Tem até “Dança do créu”, meu Deus do Céu!

Do resto (se juntar tudo, quase só dá resto), ouvir uma é ouvir todas — e não gostar de nenhuma. Feche os ouvidos: Extravasa – Babado Novo; Não Chore – Bonde do Maluco; Não Tem Perdão – Sorriso Maroto; Fotos – Victor & Leo; A Fila Andou – Chiclete Com Banana; Sem Ar – D’Black, e Doce Mel –  Banda Calypso.

Não é possível que o mau gosto chegue a tanto.

Só por curiosidade, sinta a diferença, ‘ouvindo’ as dez mais de trinta anos atrás: Outra Vez – Roberto Carlos; Força Estranha – Roberto Carlos; Sampa – Caetano Veloso; Não Existe Pecado ao Sul do Equador – Ney Matogrosso; Cálice – Milton Nascimento & Chico Buarque; Folhetim – Gal Costa; A Noite Vai Chegar – Lady Zu; Café da Manhã – Roberto Carlos; Todo Menino é Um Rei – Roberto Ribeiro e Bandeira do Divino – Ivan Lins. É verdade que tinha “Sandra Rosa Madalena”, mas estava no devido 36º lugar.

E olha que nesse tempo a censura entrava matando. Estranho: compare a produção do Chico e do Milton antes e depois da censura. O que aconteceu?

Em compensação, saindo das discotecas e entrando nas livrarias (ou nas bibliotecas, por que não?) quase tudo é imperdível. A troca do ‘hit parade’ pelos ‘best sellers’ faz um bem danado: A Menina que Roubava Livros – Markus Zusak; Ensaio Sobre a Cegueira – José Saramago; 1808 – Laurentino Gomes; Vale Tudo / Tim Maia – Nelson Motta; O Médico Doente – DráuzioVarella; O Código da Vida – Saulo Ramos; Meu Nome Não É Johnny – Guilherme Fiúza e Um Homem. Um Rabino –  Henry Sobel.

Pregado no poste: “Cheiro de penta”

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