Ser campineiro é… II
Continuando… O campineiro orgulhoso de verdade não se orgulha das posses da família, mas do que ela representa na construção desta terra junto com todos os daqui e de fora. Não foi gente “posuda” que fez o Instituto Agronômico, as universidades, a Embrapa, a Catedral, a Basílica do Carmo, o Correio e o Diário, a EPTV, o observatório do Capricórnio, o Majestoso e o Brinco, o Mercadão, o monumento a Carlos Gomes e aos constitucionalistas de 32, o Culto à Ciência, a Escola Normal e o Colégio Rio Branco. Nem é gente “posuda” que sustenta o que resta de dignidade nesta terra agora sem orgulho, mas cheia de bagulho.
Mas esses bagulhos acham que ser campineiro é…
… fazer questão de falar o sobrenome dos amigos e só ser amigo de quem tem um ‘bom’ sobrenome.
… levar quatro horas para ir a Ubatuba e ainda achar perto. Ou tomar sol no jardim e dizer que pegou a cor em Maresias.
… nunca andar de ônibus, mesmo se não tiver grana para comprar um carro.
… ter certeza que conhece, mas não cumprimentar.
… não ter idéia de beleza natural a não ser pela ‘naturalíssima’ Lagoa do Taquaral e achar que ela tem a maior ciclovia do mundo, mesmo que corra o risco de ser atropelado por lá.
… achar tudo em Campinas maior ou melhor.
… não ter um tostão no bolso só e achar que é milionário por ainda ser sócio do Tênis.
… ter garrafa de whisky no Coronel e no Seo Rosa, para dizer que é vip.
… ir para a balada de carona, fazer o pai parar longe da porta e dizer para todo mundo que está sem carro, pois o seu está blindando.
… morar num moquifo e insistir em que mora no Cambuí.
… comprar roupas de marca em seis vezes em juros e ainda se achar cliente vip.
… ficar na Hípica contando o que papai tinha antigamente, ‘as fazendas do papai’, e não pagar a conta do bar.
… almoçar no ‘Catetinho’, porque o rango dá para quatro pessoas, e sai só R$ 6,00 para cada um.
… ser de família quatrocentona mesmo que Campinas não tenha nem 250 anos.
… morar num barraco, mas andar de Audi, Classe A ou BMW 97.
… não conseguir trocar o Audi, BMW ou Classe A por um Golzinho zero.
… usar uma Vítor Hugo da 25 de Março.
… usar Montblanc de R$ 30,00 e ainda achar que não é do interior.
… dizer que não se identifica com Lula e o PT, pois mesmo perdendo tudo no governo do FHC, dá mais status ser PSDB.
… internar a mãe na Unicamp, porque não tem dinheiro para pagar Unimed, depois gastar dinheiro no bar.
… ir à missa na Nova Campinas pra dizer que faz parte da ‘alta’; nem saber rezar – afinal, olhar para a roupa da garota do lado é mais importante.
… dizer que é amigo do Xande Negrão, Faustão, Cláudia Raia, Regina Duarte, Chitãozinho, Xororó…
Pregado no poste: “Ainda dá para ser honesto e, ao mesmo tempo, viver no Brasil?”