Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Sentar!

Num desses dias olímpicos, quando se disputavam os “Jogos Abertos do Exterior”, alguém escreveu ao juiz aposentado José Maria da Costa, gente boa demais, hospedado no sítio “Migalhas”, bom demais também, para saber, afinal, se o certo é “récorde” ou “recorde”. De fato, antigamente, só se falava “recorde”, agora, é “récorde”, como os americanos e ingleses. Coisas desta eterna colônia. A explicação do doutor José Maria é interessante. Veja:

“Quanto à origem histórica, explica Silveira Bueno: dava-se tal nome ao disco, nos jogos atléticos, que se colocava no fim da meta, no estádio: aquele que primeiro o atingisse o retinha como troféu, como lembrança, como ‘recordação’ do feito praticado. Significa ‘superação de marcas anteriores.’

Apesar de generalizada, a pronúncia proparoxítona ‘récorde’, ensina Napoleão Mendes de Almeida ser mais apropriada a pronúncia paroxítona, rimando com ‘acorde, concorde e discorde’.”.

Mas a disseminção da forma “rércorde” se deve a uma artimanha. Dona Globo faz o que quer para nos iludir, digo, desviar nossa atenção. Até crime, digo, até mexeu num clássico do Carnaval, para iludir, digo, desviar nossa atenção. Luiz Antônio, Oldemar Magalhães e Zé Mario compuseram “Sassaricando”, em 1952, para uma peça de teatro de revista do Walter Pinto. A música saiu do palco e ganhou o Brasil. Sucesso daqueles. A platinada fez uma novela com esse nome em 1987 e, claro, o tema de abertura foi a preciosidade: “Sa, sassaricando / Todo mundo leva a vida no arame / Sa, sassaricando / A viúva, o brotinho e a madame / O velho, na porta da Colombo, / É um assombro / Sassaricando! / Quem não tem seu sassarico / Sassarica mesmo só / Porque sem sassaricar / Essa vida é um nó / Nó, nó, nó..”

A “coisa” pegou no verso “O velho, na porta da Colombo…”. Colombo é a legendária Confeitaria Colombo, ponto de encontro da intelectualidade e de artistas mil do Rio, desde o começo da República, 1894. Fabricava a famosa geléia de mocotó Colombo. Só que doutor Roberto também tinha uma fábrica de geléia de mocotó e era proibido falar na da Colombo. Não é que mexeram na letra de Sassaricando!? Tiraram o velho da porta da Colombo! E a letra ficou assim: “Sentaram no ovo do Colombo”!!! Com a Rita Lee, quem diria, participando dessa patifaria. Quem me lembrou do crime e da cantora foi o Zeza Amaral, que mobilizou uma força-tarefa: Ruy Motta, do Cosmo; o Barba, da Rádio Educativa, e quase chega à preciosa coleção do doutor Marco Antônio Carpinetti Pinto.

Com a pronúncia “récorde” é a mesma coisa. Enquanto a também legendária TV Record foi da distintíssima família Machado de Carvalho, ninguém ouvia falar “récorde”. Quando o nosso Canal 7 passou para a mão do ‘bispo’ e virou rede…

Pregado no poste: “Bar do Alo — dos bares, o melhor!”

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