Salvem o berço!

É muita coincidência e, quando elas acontecem sem parar, dizem os místicos, “Cuidado!”. Há dias, autoridades e um empresário negligentes deixaram cair pedaços enormes de um prédio nas costas de um garoto e de uma moça, ali na Barão de Jaguara, perto do Café Regina. Ontem, neste mesmo Correio nosso de cada dia, conversamos sobre esse trecho mágico, que serviu de berço para a cidade e, parece, querem destruir. A cidade não nasceu em berço de ouro, foi erguida por gente de uma estirpe que já não se faz mais, porém, vem sendo conduzida por gente de uma estirpe que, espero, nunca mais se faça alguém.

Outra coincidência: sem que ninguém sugerisse, logo abaixo da crônica de ontem, a “Cena Urbana” da página 2 do Caderno “Cidades” veio ilustrada por uma fotografia do mesmo lugar da cidade, com Bento Quirino vigiando o sono de um homem cansado, talvez cansado de viver nestas campinas.

Naquela crônica, o edifício “Carolina Prado” é a personagem principal. Ontem, o edifício “Cruz Alta”, vizinho do “Carolina”, começou a pegar fogo. Não sou disso, mas quando o repórter Zé Pedro Martins me contou, bati na madeira: “pé de pato, mangalô, trêis vêis”. O susto aconteceu no estúdio de FM da querida Rádio Cultura, a FM mais antiga da cidade. Nova coincidência: a emissora de AM fica (ou ficava?) na Benjamim Constant, em cima da boate El Cairo – também lembrada ontem.

Como não acredito em bruxas e não dá para confiar nas autoridades, apelo ao Corpo de Bombeiros: por misericórdia, façam uma vistoria no berço de Campinas, pedra por pedra, prédio por prédio, monumento por monumento, e denunciem no nosso Correio tudo o que estiver em perigo. Comecem pela Basílica do Carmo e que Nossa Senhora do Carmo nos abençoe, nos livre dos homens maus, Amém.

PS: Comendador Abel Pedroso, quando eu trabalhava na Rádio Cultura, dei a ela um slogan – “Se você está com a gente, você está na quente”. Mas não tão quente a ponto de pegar fogo!