Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002

S. O. S.

 

“Vigia do Ceasa é morto com cinco tiros”
“Jovem morre perto do ponto de drogas”
“Chuva deixa 50 mil sem energia elétrica”
“Medo retém as pessoas em casa à noite”
“Ladrões roubam 56 veículos em 35 horas”
“Buraco ‘engole’ carro no Jardim Flamboyant”
“Pedidos de seguro-desemprego crescem 23,4%”
“Pane nos telefones em Campinas dura 16 horas”
“Vereadores confirmam que secretário foi fantasma”
“Sem apoio da Prefeitura, grupo de pais limpa escola”
“O martírio de quem precisa de médico em Campinas”
“Jovem é assassinado no dia do aniversário”
“Número de execuções no Jardim São Marcos sobe para 9”
“Violência atinge 25% da população”
“Famílias vivem a angústia e a dor da perda”
“Jovens são seqüestradas na Avenida Brasil”
“Polícia registra quatro assassinatos em 24 horas”
“Chedid briga com empresário no Centro. Uma história de muitas confusões”
“Arly recebeu da Prefeitura sem ser nomeado”
“Comerciante é executado no Jardim Campineiro”
“Fuga e motim tumultuam cadeia do 2º DP”
“Rachaduras ameaçam dois prédios em Campinas”
“Epidemia de dengue se arrasta em 55 bairros”
“Indústrias demitem 2,5 mil em 97”
“Escola compromete 60% do orçamento”
“Solidariedade de moradores substitui papel da Prefeitura”
Todos esses fatos, aterradores para uma comunidade, aconteceram em Campinas no espaço de apenas uma semana. E refletem a incompetência dos que nos governam. São os únicos culpados. Os exemplares mais recentes do nosso Correio ainda não me chegaram, mas sei que enchentes ainda matam campineiros. Sei, também, que para vergonha dos jequitibás nascidos na frente da Prefeitura, o descaso com a cidade e seus cidadãos continua — lá dentro, só se olha para o próprio umbigo (não sei se só para o próprio bolso, enquanto o salário dos servidores…).
Repare bem. Bastam os títulos de cada notícia, para perceber que o cidadão não é o motivo de nenhuma delas. O campineiro envolvido em cada um desses fatos não é causa, mas conseqüência, e, invariavelmente, vítima da cidade maltratada em que vive.
“Nau sem rumo” deixou de ser nome de bebida famosa para marcar esta cidade. Não há ninguém com coragem, dedicação, eficácia e amor no “leme” da terra de Barreto Leme.
Enquanto estiver assim, humilhada, desprezada e traída, Campinas pode atender por outro nome: “Titanic”, já sem ratos no porão nem comando na torre. Salve-se quem puder!

 

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