Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Rir e chorar

Agora é tempo de rir e chorar.

Rir, mas rir como se ri por último, dos derrotados nestas eleições. E chorar, como se chora de raiva, dos vencedores. Não mudará nada, de ponta a ponta. A qualidade não melhorou; a quantidade de dinheiro (do nosso trabalho) para sustentá-los vai aumentar e nada será melhor do que antes — o que era ruim ficará pior.

Como dizia mestre Mário Erbolato, ex-subsecretário-geral da Câmara de Campinas, “a atual legislatura é pior do que a passada e muito melhor do que a próxima”. Antes de morrer, deixou uma carta histórica, implorando que nenhum vereador comparecesse ao seu velório ou ao seu enterro: “…declaro de livre e espontânea vontade, que são as seguintes as minhas disposições especiais sobre meu enterro: não pretendo que qualquer Senhor Vereador compareça aos meus funerais bem como às missas que por minha alma serão rezadas. Dispenso, outrossim, cartões, ofícios, requerimentos de pesar, minutos de silêncio, suspensão de sessão ou do expediente do trabalho. Bem como quaisquer outras manifestações partidas da Câmara Municipal de Campinas.”

Trabalhou lá 32 anos. Ele trabalhou. Sou testemunha e dou fé.

Quem teve estômago e ingenuidade para acompanhar o horário político que espere agora por segurança, saúde, emprego, educação, transporte… Pesquise os números de quatro anos atrás e veja se não aumentaram os casos de furtos, roubos, seqüestros, homicídios, agressões às mulheres, idosos e crianças. Veja se não cresceram os ataques ao dinheiro do povo e os casos de corrupção – quantos envolvidos se candidataram de novo e se elegeram? Esses têm eleitores ou cúmplices?

Compare a posição do Brasil no quadro da economia mundial há quatro anos e agora. E as filas da previdência? E os velhinhos convocados a provar que estavam vivos? E o atendimento nos hospitais e pronto-socorros? Vagas nas escolas (Você sabia que a Universidade de Harvard vai abrir seu primeiro curso de especialização na América Latina na… Argentina?).

Na campanha passada, todos prometeram melhorar tudo isso e tudo piorou. Sei que não adianta, mas aqueles que tentaram uma boquinha em assembléias ou em Brasília, sem renunciar aos atuais mandatos, que se envergonhem uma vez na vida e procurem o que fazer.

Pregado no poste: “É um país… subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido… Essa é que é a vida nacional!”

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