Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Queridíssima prefeitíssima,

Ou `queridésima prefeitésima`, como diriam aquelas famosas de  Campinas? A senhora prefere `queridérrima prefeitérrima’? Ou `queriduxa prefeituxa`, se for a Xuxa? Quando a senhora vai ao Giovanetti, o garçom grita: “Uma `bramosa` para a `queridosa prefeitosa`? Já sei, as peruas que a aporrinham aí no gabinete soltam `queridinha prefeitinha`. E os bajuladores atacam de `queridona prefeitona`, certo?

Estimada alcaidessa, deixemos as brincadeiras e nossas desavenças de lado, porque o assunto de hoje é muito triste, trágico, um golpe do destino numa alma minha que partiu, levando um pedaço bonito da minha memória. Sei que a senhora não me lê, mas se alguém leu a crônica de domingo passado, prefeita, e comentou com a senhora, falamos da praça Napoleão Laureano, na confluência das ruas Antônio Lobo, Júlio Frank e Delfino Cintra.

Falei daquela praça da minha infância e de muitas amigas e amigos que comigo ali brincaram. Falei da praça, dona Izalene, porque uma amiguinha querida (ela sempre será amiguinha, posto que não a via tinha uns 40 anos, mais) pediu que um terreno da prefeitura, vizinho à casa de sua mãe, fosse melhor cuidado por sua administração. A senhora não queira saber a emoção, a alegria e o prazer que senti ao ler a mensagem dessa amiguinha, a Tininha. Como todos ali éramos amicíssimos de nascença e a casa de um era a casa do outro, parecia que não nos víamos havia no máximo uns 15 minutos. Amizade grande é assim, não há tempo nem distância que separe.

Trocamos algumas mensagens, ela me “atualizou” cenas de nossa infância, procurei outra amiga da gente, a Tita, e veio a idéia de transformar aquele terreno num museu das brincadeiras da infância – assunto em que a Tita é doutora. As crianças, carentes ou não, aprendem no museu e brincam na praça em que brincávamos, com a ajuda de monitores e até de idosos, que jamais se esquecem de suas infâncias, ao contrário de jovens de hoje, já vítimas de uma infância eletrônica.

Ah! Até sugeri que a senhora desse ao museu (a Tita disse que basta um galpão) o nome de “Bebeto Baraldi Duarte”, irmão da Tininha, que nos deixou há pouco e foi morar no céu. O Bebeto foi a primeira criança a brincar ali.

Toda essa magia da infância e a sugestão vieram de repente, por causa de uma mensagem da Tininha.

Dona Izalene, a crônica saiu domingo passado. No dia seguinte, a Tininha morreu!

Pregado no poste: “A essa inauguração eu vou com a senhora, prefeita”

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