Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Quem?

Vazio, o Congresso brasileiro custou ao povo R$ 1,9 bilhão de julho a outubro. A Câmara não vota nada desde 7 de julho, mas servidores recebem hora extra. Quando um político se aproximar de você, dê uma cópia deste texto para ele. Você não poderá chamar a polícia nem ele ficará vermelho.

Quem decide os rumos da Suécia é a classe política, que não tem direito a luxo nem privilégios. Lá, deputado federal vive em apartamentos funcionais de 40 m2. Um único cômodo serve de sala e quarto de dormir. É espaço suficiente para os parlamentares viverem na capital durante a semana. Nenhum apartamento funcional tem máquina de lavar roupa: a lavanderia é comunitária. Os deputados precisam marcar hora na agenda para lavar a roupa suja. Alguns deputados têm ainda menos espaço: 18 m2. Até a cozinha é comunitária. Não há empregadas e as regras são rígidas: “Deixe tudo limpo’, diz a ordem na parede. O gabinete de um deputado tem 18 m2. Nenhum tem secretária nem assessor particular. Deputado não tem direito a carro nem motorista. “Sou eu que pago os políticos”, diz um cidadão. “Não vejo razão nenhuma para o dinheiro do povo ser usado para dar a eles uma vida de luxo”. A residência oficial do primeiro-ministro tem 300 m2 e não há empregados para cuidar das tarefas domésticas. O porta-voz do governo diz que o primeiro-ministro passa suas próprias camisas e lava a roupa. O comentarista político da TV sueca revela a tarefa preferida do primeiro-ministro: arrumar a casa. (youtube: ‘Alguém se candidata a parlamentar na Suécia?’)

Desde 1766, o parlamento sueco preserva a tradição de liberdade absoluta de informação. Todo cidadão tem acesso aos gastos dos parlamentares. A chefe do controle acredita que uma pessoa pública não tem direito de esconder nada dos eleitores. Por isso, até os extratos bancários dos parlamentares estão disponíveis na Internet. Um jornalista sueco acrescenta que a transparência não tira o mérito da imprensa: “Temos outros tipos de escândalo, como o caso de uma deputada que pregava o uso de transporte público e de bicicleta, para proteger o meio ambiente. No entanto, usava mais táxi do que qualquer cidadão comum. O escândalo impediu a reeleição dela.”. Assessores trabalham para os partidos e não há nenhum caso de nepotismo. Não existem leis que proíbam, mas nenhum deputado sueco emprega parentes. Um deputado, com gabinete de 22 m2, diz que não precisa mais do que isso para trabalhar. Ganha um salário equivalente a R$ 12 mil por mês. Só o parlamentar tem direito a passagem para viajar a trabalho. “A gente está aqui para trabalhar”, diz um deputado que também é ministro. “Quem quiser trazer os parentes do interior do país tem de pagar pela hospedagem.”.  (“Jornal Nacional” via youtube: ‘Parlamento sueco dá exemplo de transparência’)

Pregado no poste: “Quem você disse que é ladrão?”

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