Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

Quem vale mais?

Não é fácil ser banda em Campinas. (Será que eles pensam que é banda de rock, “aquele ritmo do país dos imperialistas”?). Enquanto Paulinho da Vila vem a Campinas e tem de ouvir discurso de políticos antes de cantar, cidades menores, mas com pessoas que gostam de manifestações culturais simples e desinteressadas, revitalizam seus centros sem auês nem anauês – aquela saudação integralista que os nazistas brasileiros gostavam. Há pouco, devem ter sobrado punhos erguidos lá pelos lados da Estação da Paulista, na festa russa, mas tudo é ditadura. E tem gente que adora.

Cidades como Ituverava. Nunca fui lá. Mas dia desses, a meninada da EPTV aqui de Ribeirão mostrou o desafio do prefeito (Ituverava, parece, tem.). Ele constrói uma praça enorme, que promete entregar dia 10 de março, com espaço para exibição de todo tipo de arte. O nome dele é Lúcio (ou Luciano?) Machado. Na TV, pelo menos, mostra simpatia. Quase gordo, quase cabeludo, mas muito bigodudo, o alcaide da terra do Gustavo Borges, do Marcelo Tass e do Jair Rodrigues lança um desafio, registrado em cartório: “Se essa praça não for a mais bonita do Brasil, rapo a cabeça e o bigode.” A TV até ‘tirou’ o cabelo e o bigode dele: ficou a cara do Kojak. Lembra?

Agora, me contam que as quatro bandas (que ainda existem em Campinas, apesar de tudo), formada por gente humilde e competente (ao contrário de tudo), passa pela humilhação de mendigar nos guichês da Prefeitura o pagamento por serviços prestados em junho e em dezembro, até agora não pagos. Burocracia — que nojo! A Carlos Gomes, a Santa Cecília, a São Luís e a Homens de Cor animaram o Dia dos Namorados e os festejos natalinos, mas… O trabalhador que se dane nesta terra.

Quanto o povo, sem ser consultado, teve de pagar pela Festa Russa, mesmo, dona Izalene? E para o Jorge Mautner? Quanto custou aos campineiros ver o Sérgio Mamberti dizer “com vocês, Paulinho da Viola”? Eles já receberam, né?

Os senhores vereadores, que ganham, também sem consultar o povo que os paga, R$ 7.155,00 por mês, não estão interessados em saber porque a produção do Jorge Mautner custou quase seis vezes mais do que o salário de um deles? Quem vale mais, o Jorge ou um vereador?

Pregado no poste: “Sandy ou Vanessa Camargo? Celly Campelo!”

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