Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Que honra!

Uma vez, eles me deram uma camisa e eu escrevi nesta nossa conversa: “Essa camisa eu visto!” Ela existe até hoje: simples, xadrezinha, bolsos grandes, e agora, puída pelo tempo de uso com muito orgulho, está guardada como os combatentes guardam suas bandeiras. É o jeito de viver. Há presentes que merecemos e não aceitamos; há presentes que não merecemos, mas aceitamos. Tudo depende da grandeza de caráter de quem o oferece. Vale mais, muito mais, esta atitude.

Foi um encontro simples, aqui no Centro de Pesquisa de Cana, em Ribeirão Preto. Como simples é a genialidade dessa gente. Aquela santa que mora aqui em casa, para fotografar, um bolo, um guaraná e um cafezinho, obra da Sueli e da Teresinha, e os cientistas Peri Figueiredo, Marcos Landell e Mauro Xavier, fazendo as honras da casa, hoje comandada pelo também cientista Orlando Melo de Castro. Dentro de um saco igual aos que o Brasil embala a obra-prima do mestre dos mestres Alcides Carvalho, em vez de grãos de café, uma placa de metal ilustrada por imagens do Brasil que dá certo – café, o DNA dos genomas de nossas riquezas e o solo mais fértil do mundo. Tudo sobre uma base dourada onde se lê “IAC 120 ano — Homenagem do Instituto Agronômico de Campinas ao jornalista Moacyr Castro”. Junto, uma mensagem do dr. Orlando: “Como parte dos 120 anos de fundação do Instituto Agronômico, estamos enviando um troféu, o qual simboliza todo respeito e admiração que sentimos pelo nosso jornalista tão competente.”

Na verdade, respeito e admiração é o que espero que a sociedade tenha por eles. Só por isso, sempre tive prazer em comunicar a atividade desses heróis anônimos e sem lobby, avessos ao brilho de holofotes, posto que têm luz própria, emanada da sagrada terra. Terra que eles canonizam dia e noite, de sol à lua, de lua a sol, com suas pesquisas. Ninguém sabe mais dos desígnios de Deus do que eles. Enquanto adivinhamos Deus no Céu, Ele os encontra todo dia na terra. São felizes.

Nunca cogitei ser homenageado pelos brasileiros e estrangeiros daquele templo, que freqüento desde a minha primeira reportagem. Sempre defendi o mérito de eles serem homenageados pela Humanidade para a qual eles trabalham, a fim de saciar-lhe a fome, na busca do melhor pão nosso de cada dia.

Pregado no poste: “Muito obrigado”

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