Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Qual é sua graça?

Não é fácil hoje em dia explicar que tem o sobrenome Macedo, mas não vive do dízimo nem ameaça a imprensa; que é Castro e não fuzila ninguém; Silva, mas distingue “erro administrativo” de peculato. Geny e nem conhece o Chico Buarque; ou Bráulio e não precisar de camisinha. Ser careca e se chamar Valério é um perigo. Rainha é da Inglaterra ou tênis e não saqueador da propriedade alheia.

Quer apostar? Todo Adão ouviu pelo menos uma vez na vida a saudação “Ave Adão!”. As Mônicas sofriam nos tempos da massa de tomate da Cica: “Mônica, abrace o elefante… Beije a sua tromba…” Todo Fernandinho tinha uma camisa bonita; muito Oscar jurou que não era marido da Cremilda. Alfredo, você foi chamado para levar o papel higiênico Neve para alguém? Padilha, já mandaram você pra casa?

Quantos “Malufs” têm de explicar que não são políticos? Imaginou levar honradamente Cardoso de Mello no nome e garantir a vida toda que nunca considerou o povo “apenas um detalhe” ou provar que não é filho do Collor com FHC? Ou é pior ser só Cardoso e nunca pedir que esqueçam o que escreveu?

Os Getúlios que conheço não são assassinos nem torturadores, assim como Humbertos, Costas, Emílios, Ernestos e Figueiredos. Todo Jânio é louco? Mas temos de agüentar, fazer o quê? Confundem Obama com Osama – no caso, um jamais desejaria ter o nome do outro!

Quantos Caran têm de mostrar que amam os alecrins? Vai dizer que todo Itamar é Franco? Quantos Quércia já ouviram aquela lenda: “Cadê os trilhos de bonde?” Já pensou como sofre um jardineiro para provar que não é fantasma de político? E caseiro que não é zelador de garçonière de ministros, políticos e empresários em Brasília?

Como faz um Nicolau para não ser confundido com o juiz Lalau? Quem disse que nunca houve mulher como Gilda? Que Carlito não quer ser Carlitos, só para ficar eterno?

Bons tempos em que Marta só fazia lembrar a nossa mais bela miss! E pomar e hortas davam bons frutos. Em Campinas, Serra era funerária; Egydio, sobrenome do Joaquim e covas só existiam na Saudade. Já pensou ser Genuíno e virar suspeito? Bom é ser Zini e alguém perguntar: “Mas você é parente do Alduíno, né?” Até quando os Chaves terão de aturar o Chávez? Evas, vocês algum dia esperaram um Evo como esse?

Benito? Sempre Juarez, nunca Mussolini.

Se Tomás Antônio Gonzaga soubesse, sua Marília jamais seria de Dirceu.

Pregado o poste: “Que pena, só um Mané falava ‘Ó!’”

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