Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

Protestalizando!

É hoje! Inspirados por duas maravilhosas professoras, uma de Português e outra de Canto Orfeônico, dois ex-alunos do Colégio Culto à Ciência decidimos, cada um a seu modo, protestar contra duas pragas que colonizam nosso idioma. É essa maldita mania de colocar os verbos no gerúndio e trocar suas belíssimas terminações por “izar”.

De tanto lermos mensagens em Português corretíssimo e rico como ele só, de dona Joaquina Elisa Ribeiro Sampaio de Melo Serrano (a dona Quinita), sob as bênçãos de dona Maria Aparecida da Mota Aguiar (a Mariinha, que, a pedido de Deus, ensina música no Céu), o Guilherme Nucci, na Gazeta de Vitória, e eu, cá no nosso Correio Popular, vamos, nesta terça-feira, rasgar o verbo. Em homenagem à querida Mariinha, imaginei como fica o Hino Nacional, nesta linguagem absurda que dizima o Português. Perdão, mestra, mas lance aí do Céu um raio de brasilidade nesses medíocres.

Podem ter escutalizado do Ipiranga às margens plácidas

De um povo heróico o brado retumbalizante,

E o sol da Liberdade, em raios fulgilizados,

Vai estar brilhando no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade

Podemos estar conseguindo conquistalizar com braço forte,

Em teu seio, ó Liberdade,

Desafializa o nosso peito à própria morte!

Ó Pátria que pode estar sendo amada,

Idolatralizada,

Salvalizada! Salvalizada!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido

De amor e de esperança à terra vai estar descendo,

Se em teu formoso céu, risonho e límpido,

A imagem do Cruzeiro resplandeliza.

Gigante pela própria natureza,

És belo, vais estar sendo forte, impávido colosso,

E o teu futuro vai espelhizar essa grandeza.

Terra que pode estar sendo adoralizada,

Entre outras mil,

Vais  estar sendo tu, Brasil,     

Ó Pátria amalizada!

Dos filhos deste solo podes estar sendo mãe gentil

Pátria amalizada, Brasil!

Vais sendo deitado eternalizadamente em berço esplêndido,

Ao som do mar e a luz do céu profundo,

Fulguras, ó Brasil, florão da América,

Iluminizado ao sol do novo mundo!

Do que a terra mais garrilizada

Teus risonhos, lindos campos podem estar tendo mais flores;

“Nossos bosques vão estar tendo mais vida”,

“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.

Ó Pátria que pode estar sendo amada,

Idolatralizada,

Salvalizada! Salvalizada!

Brasil, de amor eterno, vai estar sendo símbolo

O lábaro que ostentas estrelizado,

E possa estar sendo dito no verde-louro desta flâmula

Paz no futuro e glória no passado

Mas, se vais estar erguendo da Justiça a clava fortalizada,

Poderás estar vendo que um filho teu não está fugindo à luta,

Nem vai estar temendo quem te adoraliza, a própria morte,

Terra adoralizada

Entre outras mil,

Pode estar sendo tu, Brasil,

Ó Pátria amalizada!

Dos filhos deste solo vai estar sendo mãe gentil,

Pátria amalizada,

Brasil!

Pregado no poste: “Cuidado, podem estar nos babacalizando!”

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