Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

PPPP

Por isso, sou comunista autônomo. Só vou militar quando a esquerda deixar os jardins de infância, diretórios acadêmicos e arroubos juvenis para conhecer um pouquinho e evitar o que ela faz, e muito bem, desde que nasceu: dar vexame e desfilar inutilidades, pelos palanques, palestras, panfletos e passeatas da vida. Essa turma, doutorada em PPPP, valoriza a mancada como ninguém. Sabe que vai fazer besteira e, convicta, segue até o fim. Impávida colossa, sem enxergar um segundo à frente.

Palmas para a campanha contra o militarismo, que tirou o nome do general Milton Tavares do ‘Tapetão’ e colocou o do Zeferino Vaz. Mas tenho certeza de que metade do movimento ignora quem pediu para pôr o nome do general ali. Foi o próprio Zeferino Vaz, notório aliado das forças armadas e desalmadas que esse movimento combate. Só que nosso querido ‘Zefa’ sabia driblar os desalmados, com aquele risinho maroto emoldurando a piteira. “Um baixinho que projeta a maior sombra”, como o definia mestre Rogério César de Cerqueira Leite. Ou como o próprio reitor ouviu do jornalista Roberto Godoy: “O senhor é insuportavelmente simpático…”.

Agora, o movimento se mexe para desemplacar o general Emílio Médici de uma praça no campus da Puccamp. Mais justo só Deus ou as calças da Gretchen. Mas tudo se deve à iniciativa dos formandos da primeira turma de jornalismo que, por incrível que pareça, convidaram a triste figura para patrono, porque ele reconheceu oficialmente o curso. O mesmo que mandava torturar e matar vários jornalistas na sua ditadura. É como batizar uma creche com o nome de Rei Herodes.

Quero ver o movimento contra o militarismo banir dos logradouros os nomes dos capitães Fillinto Müller, Carlos Lamarca e Luís Carlos Prestes, por exemplo. Este apátrida mandou assassinar uma adolescente analfabeta, de 16 anos, acusada de traição, a serviço do capitalismo burguês. Também vão propor a mudança dos nomes dos conjuntos habitacionais “31 de Março”, “Costa e Silva” e “Castello Branco”?

O “Morcegão”, que homenageia o marechal Tito, ditador comunista da extinta Yugoslávia, bem no começo do ‘Tapetão’, vai sumir dali? Tito foi preclaro amigo epistolar do seu Pagano, principal ex de Campinas. Para toda a Humanidade e todo o Universo, será uma profilaxia pulverizar o nome de outro grande facínora: Getúlio Vargas. Che Guevara não mandou ninguém para o ‘paredón’? Consultem a Rádio Supositório de Cuba: lá devem saber.

Ah! E as ruas General Humberto de Souza Mello e Orlando Geisel, no Jardim Chapadão? Coerência? Então os que apoiaram outro sanguinário também devem sumir da planta da cidade. Um exemplo: o cardeal Evaristo Arns, nome de rua na Vila Padre Anchieta, abençoou as tropas comandadas pelo general Olímpio Mourão Filho para derrubar o governo democraticamente eleito de Jango Goulart.

Pregado no poste: “Pior cego é o que não quer ler”

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *