Por trás das asas – ll
Vamos terminar aquela conversa de ontem sobre o livro dos 40 anos de Viracopos, da Marta Fontenele e fotos do Gilberto De Biasi? Escrevo na condição de membro da AFA – Associação dos Fofoqueiros do Aeroporto, nomeado em Congonhas, mesmo tendo medo de avião e só voar em caso de emergência — nunca.
- Uma fila enorme de carros pretos aparecia de vez em quando no Jardim Itatinga, para alegria das meninas. Eram assessores de chefes de Estado que visitavam o Brasil e vinham antes, para preparar o cerimonial. Dormiam por lá. Diziam que era mais divertido do que os hotéis de Campinas.
- Numa manhã de sábado, um jovem campineiro, cercado de amigos que não acreditavam na história, esperava a atriz Sandra Bréa, que brilhava na novela “O bem amado”, para “um fim-de-semana num hotel-fazenda”, a convite dele. Ela desembarcou, bela, esfuziante. Com o namorado.
- O sanguinário Emílio Médici veio, inaugurou a Replan e foi-se embora. A mil metros, no chiqueirinho onde trogloditas confinavam a imprensa, Roberto Godoy consegue ver na pista, um carrinho branco, no reboque de um trator. “É o Fiat 147! A Fiat trouxe o carro que vai fabricar no Brasil para o Médici ver!”. Toninho Erbolato fotografou. Mais um furo desse repórter, que enxerga notícia até no espaço em branco.
- Marcelo Caetano e Américo Thomás desembarcam no exílio brasileiro, expulsos da santa terrinha pela libertária Revolução dos Cravos. A segurança da nossa ditadura não permite que se fotografe a chegada dos dois ex-ditadores, filhotes de Salazar. Hélio Scarabotolo, diplomata (!) brasileiro, chefia o esquema de massacre da imprensa. Apelamos: “Pelo menos um registro para a história, ministro!”. Ele brada: “A história que vá tomar no…” (Perdão, mas foi ele quem falou.).
- Dois amigos embarcam para o Rio, de manhã. Duas horas depois, um deles está de volta e parte num carro com a mulher do que ficou no Rio. Mais três horas, os aventureiros voltam ao aeroporto e ele vai para o Rio. Duas horas depois, os dois amigos desembarcam em Viracopos. Um faxineiro me contou que uma vez por mês, essa cena se repete.
Pregado no poste: “Seo Toninho, e o shopping no CT do Guarani?”