Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Perdidos

Ontem, saiu isto num jornal: “Polícia acha possível moto usada em assassinato”. Como “possível moto”? Será possível!? Ano passado, uma ex-namorada do Elvis Presley colocou em leilão um dente que ela jurava ter sido do rei do roque. Título da notícia: “Elvis não mordeu”. Fantástico! Se as notícias das seções de achados e perdidos forem mais criativas, a leitura será mais atraente. E achar o perdido, mais fácil. Só no site “sampaonline”, há mais de mil anúncios, um mais monótono do que o outro.

Dia desses, funcionário de um parque de diversões na Inglaterra achou um brinco perdido pela maravilhosa Marlene Dietrich, quando ela passeava pela roda gigante em 1934 – mas como descobriram que era do ‘Anjo Azul’?

O mesmo jornal traz mais estas notícias: “Homem achado em barril de rum após 20 anos”; “Rato morto encontrado em sopa” (Claro! Vivo, não estaria ali…); “Refém achado em bordel”; Homem achou camisinha em refrigerante” (Será que foi numa ‘dança da garrafa’?)

Reportagem nas seções de achados e perdidos da cidade é das mais freqüentes na imprensa. A história é grande: um homem perdeu uma mandíbula num ônibus (Ficou sem boca?). Outro não conseguia achar sua prótese de perna depois de removê-la para tirar um cochilo em outro ônibus. Uma mulher perdeu o casaco contendo as cinzas de sua mãe cremada. (Ou um casaco perdeu a mulher da mãe com as cinzas do seu creme?)

Pelas listas à disposição dos distraídos, o que mais se perde, depois de documentos, é cachorro. Ainda dizem que ele é o melhor amigo do homem. Não aparece um gato perdido (gato não se perde). Não sei como conseguem perder pitebul, mas há dois na relação. Celular está em terceiro lugar. Incrível! Perdida naquele mundo de coisa e outros bichos, aparece uma calopsita de estimação, penacho amarelo, bochecha laranja, corpo cinza, branco e amarelo.

Máquina fotográfica, talão de cheques (ainda existe isso?) e guitarra completam os mais perdidos. Será que não se perdem mais guarda-chuvas (era o rei), canetas, molho de chaves…?

Em Viracopos uma miss Brasil esqueceu cetro, coroa e manto no banheiro, a caminho do concurso de Miss Mundo. Também deixaram ali dentadura, cadeira de rodas e muletas – não sentiram falta?

Estranho: livro ninguém perde.

Pregado no poste: “Alguém lê?”

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