Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2001Crônicas

Perdão, Gilda!

Tem razão todo mundo que me telefonou ou mandou mensagens pela Internet, domingo, me corrigindo por uma barbaridade cometida contra a nossa querida Gilda, que o Correio Popular homenageou na deliciosa seção “Baú de histórias”. Têm razão aquela senhora que me chamou de gagá; aquele estudante que morava no centro da cidade e jura ter conhecido a Gilda por volta de 1965; ou aquele publicitário que ficou espantado com o “desaparecimento” da querida Gilda em abril de 1950, posto que ele nasceu naquele mesmo ano e conheceu nossa heroína aos 14. Mas a culpa não é minha. Tenho certeza que é do computador. Sou vítima dele.

Tudo começou quando foi descoberta, no arquivo do Correio Popular,  a notícia de que Gilda havia sido internada no hospital de doentes mentais de Franco da Rocha, exatamente no dia 22 de abril de 1950. Informado, decidi contar um pouco do que me lembro daquela mulher que divertia os campineiros nos anos 40s, 50s e 60s. Até reproduzi um trecho daquela notícia, que diz: “A notícia daquele 22 de abril descrevia: ‘As suas condições de saúde, abalada pelo absoluto desamparo, pelo desconforto das noites passadas aí pelos becos, pelos cantos, pelas lajes das soleiras dos ricos edifícios de muitos andares, iam se fazendo precárias.’. Era muito querida. Tão querida, que sua ausência era notícia de jornal.”.

Então, aconteceu o corte das seguintes frases, decisivas para a compreensão do texto que saiu no “Baú de histórias” e que vinham logo em seguida: “Essa nossa Gilda não ficou muito tempo em cartaz naquele hospital. Três, quatro anos depois, estrelava novamente a pureza de sua alegria pelas ruas de Campinas.”. Claro, como essas frases foram engolidas pelo computador (eu ainda mato um…), quem leu está com toda a razão de me chamar de gagá. Pois quem tem mais de 45 anos conheceu a Gilda e não foi antes de 1950.

Agora, faço um apelo a todos: quem tiver notícias do destino da nossa Gilda, por favor, informe. Sempre me preocupei em saber o que aconteceu com ela. Diziam que era louca. Pois, digo eu, loucos são os computadores dessa era de loucuras.

Pregado no poste: “Gilda, como você era lúcida, querida!”

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