Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Pelas Campinas gentis-2

Concluindo nosso roteiro de sugestões turísticas para a Capriolli, iniciado ontem:

Mercadão. O passeio ficará mais gostoso se os turistas almoçarem no Pachola. Lembrar que ali havia uma estação, da Estrada de Ferro Funilense. E informar que na frente de onde hoje está o portão da Benjamin Constant, Manuel José Gomes, o Maneco Músico, mandou matar a mulher, Fabiana Maria Jaguari Cardoso, mãe do Carlos Gomes, em 1844, acusada de ornar a cabeça do marido. O maestro tinha oito anos. Para saber mais sobre ele, peça para o motorista da Capriolli parar na frente do museu, no Centro de Ciências Letras e Artes. Torça para que dona Maria Luísa Pinto de Moura e a mestra Célia Farjallat estejam lá. Você nunca mais se esquecerá dessa visita.

Ainda no campo da fofoca turística, perto do monumento ao maestro, está o busto do César Bierrenbach. Grande advogado e orador, funcionário do Ministério das Relações Exteriores. Morria de amores pela filha do chefe, o chanceler Barão do Rio Branco. Morria tanto, que acabou se matando, em 1907, aos 35 anos, coitado. Naquele tempo, se morria de amor.

Quando passar pela Catedral, perguntar ao padre Ambiel e ao cônego Caran onde está aquele maravilhoso Alecrim que enfeitava o Largo da nossa Matriz. Mais lindo do que a própria. (Não mostre o coqueiro que a fotógrafa Renata Podolski conseguiu flagrar perto da igreja e publicou na revista Metrópole. Vão dizer que o coqueirinho atrapalha a visão dos turistas e… Ai, meu Deus!). Para se empolgar mais com a nossa paisagem, vá ao Bosque dos Jequitibás. Campinas era assim quando Barreto Leme chegou, mas seo Rosa, a árvore maior de nossas vidas, testemunha da nossa história, morreu abandonado -– claro, na frente da prefeitura e da câmara municipal. Aí, nem precisa entrar. Vamos embora, já!

Para se divertir, é só incluir no passeio o paraíso onde o Vicentão Torquato cozinha para o ‘Terra da Gente’. Mas a presença dele é fundamental.

Mais um pouco de civismo: o Mausoléu dos que lutaram pela liberdade na Revolução de 32 e o Colégio Culto à Ciência – não se envergonhe de sair chorando depois de presenciar o que os governantes fazem com essa escola, a mais querida que o Brasil já teve.

Pregado no poste: “Ou os políticos acabam com o Brasil ou o Brasil acaba com as saúvas”

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