Pela d. do 4º andar
Muito certa, digna, corajosa e exemplar a atitude desta ilustre senhora que perdeu a paciência com as “otoridades” de plantão e invadiu, só de calcinhas à mostra, o gabinete do prefeito, diante da falta de médicos nos consultórios municipais. E olhe que o prefeito é médico! Donde se conclui que lugar de médico é no consultório e de prefeito é na prefeitura. Casa de ferreiro, espeto de pau.
(Uma vez, o almirante Amaral Peixoto, vulgo `Alzirão`, governador do ex-estado da Guanabara, discutia com uma professora em seu gabinete, e desabafou: “Lugar de professora é na escola!” Ela devolveu: “E lugar de almirante é no navio!”)
Sempre que alguém na multidão vê uma saída criativa, bem-humorada ou ousada, desarma a autoridade. Havia anos, uma cidade perto de Ribeirão Preto suplicava do governo do Estado a duplicação de uma estrada. E a “tchurma” do Palácio dos Bandeirantes só enrolando. Há dezenas de cadáveres nessa história. Até que um vereador sugeriu dar o nome do secretário dos Transportes ao cemitério da cidade. (A obra está a todo vapor.)
O prefeito de uma cidadezinha foi assassinado. O maior suspeito ainda é um morador chamado Maluf, desafeto histórico da vítima. Muito poderoso, sempre dribla a Justiça, para indignação do povo. Um dia, o túmulo do ex-prefeito apareceu coberto por uma cartolina onde se lia: “Foi Maluf que fez”.
Há décadas, o secretário de Educação deste Estado inventou de extinguir o segundo grau do Colégio “Culto à Ciência”. Rebelião na cidade e de ex-alunos, espalhados pelo mundo inteiro. Fomos a uma reunião na secretaria e, depois de muito bate-boca, mestre Alcides Carvalho sai de seu silêncio dos sábios e pede a palavra:
— Secretário, o senhor estudou no “Culto à Ciência”?
— Não; quem estudou lá foi meu irmão.
— Então, está explicado porque ele é ministro e um dos cientistas mais respeitados do mundo, enquanto o senhor não passa de um secretário!
O “Culto à Ciência” está lá, à espera que alguém dê outra santa bofetada na incompetência e na omissão oficiais.
A sala dos ex-votos da Basílica de Aparecida está cheia de modelos em cera e gesso de partes do corpo humano curadas por milagres da santa. Se a moda da moça que invadiu o Jequitibás pegar, ainda veremos uma capela erigida em honra aos santos do seo Hélio de Oliveira, com vítimas da falta de ginecologistas, urologistas, coprologistas… Todos suplicando atendimento.
Pregado no poste: “Campinas está nua”