Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Pauta

Notícias vêm de onde menos esperamos – até de um burocrático serviço de atendimento ao consumidor. Foi assim que descobri e conto para todo mundo: enquanto esse todo mundo vê que as mudanças climáticas já são percebidas pela chuva que escasseia, pelo sol que esquenta mais, pelas geleiras que deslizam mais cedo ou pela inacreditável seca que enxuga o Rio Amazonas… Fui informado de que o clima muda de forma mais rápida, concreta, visível, palpável e palatável de baixo para cima, das entranhas da terra para a superfície do solo. Pelo menos foi isso que entendi ao perguntar para o SAC da Danone porque ela quadriplicou (e sem aviso) o teor de sódio de sua água Bonafont, que transforma a gente em verdadeira máquina de fazer xixi. Mesmo assim, continua com metade de sódio na média das outras – só que a “máquina” não é mais a mesma.

Se tem a ver ou não… Sei que a pressão arterial caiu um pouquinho e a cintura afinou outro tantinho. Nada que se possa dizer: “Água benta!”. Mas a moça do SAC, de nome Ingrid, além de muito educada e atenciosa, exibiu um conhecimento profundo, de geóloga, tal a quantidade de detalhes que disparou, numa linguagem fácil, para explicar a mudança. Ela não estava lendo nem havia decorado nada. A cada pergunta, resposta na ponta da língua. Só não respondeu porque a Danone não avisou os consumidores. Isso é feio. Senti que andei bebendo gato por água.

A Ingrid esclareceu, mais ou menos assim: a cada cinco anos, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) examina toda composição da água mineral das jazidas vendida no Pais. E determina, se necessário, alterações naquele quadrinho que vem no rótulo. Parece que em janeiro, a lavra de Jacutinga, logo ali, pra lá de Itapira, depois de Eleutério, já em Minas, passou jorrar com mais sódio, provavelmente por causa das mudanças climáticas: pulou de 0,34 mg/l para 1,212/l. O bicarbonato triplicou (2,51 – 7,5). As outras diferenças, para este leigo que vos fala, parecem pequenas. Está no sítio da Anvisa: segundo a Organização Mundial de Saúde, o máximo recomendável de sódio na água potável é 200 mg/l.

Se o que me foi relatado procede, temos aí uma bela reportagem pela frente: o clima está mudando debaixo da terra também? Seria essa uma das causas de tantos terremotos, tsnunamis, erupções vulcânicas?

Hoje, Gabriel, o Pensador passou por aqui e deixou…

Pregado no poste: “Pega ladrão, tira do poder, bota na prisão!”

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