Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Pardais

Nunca se inventou tanto: moda, estórias e engenhocas. Muita utilidade, mas muitas invencionices também. A virada do século 19 para o 20 viveu a mesma febre de novos produtos. E Campinas está na origem de várias descobertas e invenções. Quer ver? Avião, deslizador aquático e relógio de pulso (Santos Dumont estudou aqui); fotografia (Hércules Florence não é só nome de rua.); rádio, telefone e telefone sem fio (Padre Landell fez experiências até ser expulso da cidade, porque tinha “parte com o diabo”.).

Outro dia, passeando pela rede atrás de invenções e invencionices, descobri cada uma! Olha só: bacia de privada mais estreita para não provocar hemorróidas em internautas; funil para colocar colírio; capacete furado dos lados e perto da nuca, para passar as tranças e o rabo-de-cavalo; guarda-chuva para sapato; limpador de pára-brisa para lente de óculos; guarda-chuva com cortina de plástico transparente que protege o corpo inteiro… E um selim de bicicleta em forma de bumbum, assim descrito: “Bipartido, como duas conchas unidas, anatômico, confortável, regulável e ortopédico (!). Com ele é possível pedalar dezenas de quilômetros sem o menor incômodo, como cãibras, dores musculares por deformação física temporária (!), assaduras por atrito ou falta de ventilação, dormência por obstrução circulatória etc..”. Aparece também uma bacia de privada com mesinha (como a das poltronas de aviões) para se ler jornal ou fazer palavras cruzadas, em vez de só pensar na vida enquanto…

Socorro! Existe um desenho (achei simples demais) descrevendo como se faz a bomba atômica. O traçado destaca os ingredientes: “Cartulho (acho que é cartucho) com TNT; urânio 235 ou urânio 240; tubo metálico a vácuo e selenóide com agulha ou eixo circuito de disparo (temporizador remoto).” E uma advertência: “Por motivos óbvios, o desenho (que estrategicamente mais parece uma lâmpada fluorescente) não trará detalhes e não será feita a descrição do equipamento.”.

Enquanto isso, nós aqui precisando de um invento capaz de plantar um alecrim no Largo da Catedral à prova de assassinos e de alguém que invente uma boa prefeita para Campinas.

Pregado no poste: “O trabalho enobrece, a política apodrece”

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