Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Ontem e anteontem

O Geraldo Trinca pensa que eu nasci ontem. Errado. Nasci anteontem. Ele descobre velharias por aí e diz que se lembra de mim na hora. E ainda pergunta se adivinho porque. Dá quatro opções:

“a) porque você vota na Tia.” Errado. Não voto em tia nenhuma, porque elas nunca se candidatam. Todas preferem ganhar a vida trabalhando.

“b) porque você viveu na época.” Certo. Você também.

“c) porque você é pontepretano.” Errado. Fui bugrino. Pontepretano é o Renato Otranto…

“d) porque você cortou o alecrim da Catedral.” Errado. Nem foi dona Izalene, mas ela não manda plantar outro. E coragem?

Aí o Trinca vem com um monte fotos, para eu identificar. Começa pelo palhaço Bozo, Vovó Mafalda e Papai Papu. Sou do tempo do Arrelia, Pimentinha, Carequinha, Piolim e Chicharrão, brasileiros autênticos.

Nossa, Instituto Universal Brasileiro! O Bento Quirino ensinava melhor.

Relógio e calculadora de pulso Casio. Patek Philipe, na Chinelato e no seo Caetano Faillace.

Love, a primeira máquina fotográfica descartável e com flash. Comprei uma na Nossa Casa.

Menudos. Mau gosto. Sou Demônios da Garoa, na Livraria Brasil, com Oswaldo Guilherme e Denis Brian.

Shell responde: como dirigir na chuva? Só o Ayrton Senna sabia.

O Sítio do Pica-pau Amarelo, com Zilka Salaberry, na Globo. Meu sítio era em preto e branco, de Lúcia Lambertini (Emília), Edi Cerri (Narizinho), David José (Pedrinho), Hernê Lebon (Visconde) e Tatiana Belinke e Júlio Gouveia, na TV Tupi.

Kid Vinil e o grupo Magazine. Gato e o conjunto Jet Blacks. Ou Manito e os Clevers?

Simony, Jairznho, Fofão e a Turma do Balão Mágico, mais Roberto Carlos, Fábio Jr. Baby e Pepeu. Pim Pam Pum, Estrela! Com Débora Duarte, Adriano Stuart, Faelzinho Neto, Lourdinha Félix…

Danoninho vale por um bifinho. E o que vale um churrasquinho? O iogurte do Bar Copacabana, em garrafinha com tampa de alumínio.

Dodge Polara. Fusca, Prefect ou Skoda.

Kichute? Bamba ou conga, na Casa Baby (ou Babi, fica logo ali…)

Vai-Vem? Bambolê, diabolô e bilboquê, nas Lojas Americanas.

Calculadora do “Professor Corujinha” Antes até da Facit, a Bourroughs, com rolinho de papel e manivela, vendida na Casa Otranto.

E uns quatro babacas americanos segurando revólver. Francamente, nosso Vigilante Rodoviário, Carlos Miranda, era melhor de ver.

Pregado no poste: “Novela brasileira: vitrine de ninfetas ou literatura de bordel?”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *