Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Onde

O “guapo rapaz”, a bordo do seu “bólido”, subiu na contramão a Rua de Cima, cruzou o Beco das Casinhas, o Largo do Rosário, a Rua Santo Antônio, a Rua Formosa, entrou à esquerda, invadiu a galeria e foi dar na Rua do Meio. Deixou para trás um “rastro de indignação” entre “almofadinhas e coronéis de nossa melhor sociedade” e de espanto nas “feições” de “moçoilas casadoiras” e “raparigas” nem tanto.

Não faz muito tempo. O protagonista dessa ousadia foi o nosso Joaquim Daldin Miguel, diagramador do Correio. Dei uma volta virtual pela cidade com ele, na semana passada, e o Joaquim se lembrou da aventura. Foi aí que começamos a observar os nomes antigos das ruas, praças, travessas, largos, becos e avenidas da Campinas de antanho. Antes de continuar essa “pesquisa”, vamos atualizar o trajeto maluco do Joaquim naquela madrugada dos anos 70, já que o crime prescreveu, ele pode confessar tudo e garantir que, há muito tempo, criou juízo. A Rua de Cima, onde começou a arriscada estripulia pela contramão, é a Barão de Jaguara. O Beco das Casinhas é a General Osório; o Largo do Rosário é o mesmo; Rua Santo Antônio é a Avenida Campos Salles e Formosa é a Rua da Conceição. A “galeria” é a Trabulsi e a Rua do Meio, a Doutor Quirino.

Já imaginou? Ele ainda tenta justificar e minimizar a maluquice: “Era só um corcelzinho…”.

O Joaquim jura que o convento das carmelitas continua na Rua do Rio (Major Sólon). E lembra: “Gente maldosa dizia que para quem não desse dinheiro para ajudar as irmãs elas rogavam praga.”. A Rua do Mascarenhas (14 de Dezembro) ainda desemboca na Avenida Anchieta e o Pátio dos Leões, já quase sem juba, está na Rua do Picador (Marechal Deodoro). A Rua da Matriz Velha ganhou uma agência da Caixa Econômica Federal, em frente da também velha Capfesp, na Barreto Leme. A Rádio Cultura, do comendador Abel Pedroso, não deixa a Rua do Caracol (Benjamim Constant). A Padaria Orly, o Mercadão e a estátua do Carlos Gomes também não saíram da Rua da Cadeia (Bernardino de Campos).

O Giovanetti não deixou a Rua das Casinhas, mas o Café Caruso sumiu da General Osório. Será que a Drogasil e a R. Monteiro ainda estão na Travessa do Góes (César Bierrenbach)? E as Lojas Americanas e as Pernambucanas insistem na Rua São José (Treze de Maio)? O Palácio das Lonas, do seo Firmino Sanches, ficou na Rua da Constituição (Costa Aguiar)? Os Correios estão lá na Rua do Pórtico (Ferreira Penteado) com a Rua do Rosário (Francisco Glicério), que conserva as agências de bancos, uma ao lado da outra, e aposentados, “um ao lado do outro”, no Largo do Rosário, “lembrando da cidade que foi boa e do Esporte Clube Mojiana, que acabou”, brinca o Joaquim.

Nas ruas do Tanque (Cônego Scipião) e da Boa Morte (Antônio Cesarino), fica o Centro de Convivência. E a Santa Casa, claro, na Rua da Misericórdia (Padre Vieira). Para se chegar ao estádio do Guarani, pega-se a Rua das Campinas Velhas (Moraes Salles). Não estou vendo o Colégio Pio XII na Rua do Brejo (Boaventura do Amaral). Será que “se mudou-se”? Mas o Circolo Italiano Uniti, a Casa de Saúde, está na Rua da Bica Grande (Irmã Serafina) e a Cantina do Alemão ainda rima com a Padaria União, na Rua de Baixo (Luzitana).

O espaço está acabando e o passeio, também. Qualquer dia a gente volta, mas antes de terminar, vamos passar no “Covil das Serpentes” para um cafezinho, ali na Rua de Cima. Onde? “No Café Regina, ali na Barão de Jaguara, onde a loucura começou…”.

Pregado no poste: “O Guarani não jogou domingo. Ainda bem.”

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