O quarto professor
Três professores, três acusações gravíssimas, nenhuma prova. Só juntei os três, depois de receber, semana passada, uma carta-libelo do professor Jorge Mirândola, aquele, acusado de ter enviado uma carta-bomba para o Itamaraty. Lembram? Depois de ler o desabafo e o desafio que ele faz, me passou pela cabeça a história inacreditável da denúncia contra professores da Escola Base, na Vila Mariana, em São Paulo e, agora, desse “suspeito número 1”, de ter posto uma bomba naquele avião da TAM, o também professor Leonardo de Castro — só ilações, nada concreto.
No episódio da Escola Base, duas mães foram à polícia e acusaram os donos da escola de promover a exploração sexual com os alunos. A polícia, antes de investigar tudo antes, chamou a imprensa e acusou todo mundo — sem provas — por um crime que não aconteceu. Está na sentença, que condena o Estado (e a nós, o povo) a pagar a indenização às vítimas, por culpa da competência de policiais: “(Os donos da escola)foram crucificados vivos por antecipação, antes de poderem se defender”. No Estado, é assim: o servidor pode ser da pior espécie, quem paga é a sociedade.
No caso do avião da TAM, pelo que a polícia diz, todos os indícios levam ao professor Leonardo de Castro (não é meu parente), mas prova, que é bom para elucidar, nenhuma. Decidem que ele é culpado e pronto.
Na carta do Mirândola, nem vou mexer. Fala professor:
— 1. Quando alguém é mesmo suspeito de ter enviado uma carta-bomba, a primeira coisa que a polícia decente tem de fazer, por imposição da lógica, é proceder à lavagem das mãos do suspeito com soro fisiológico, para que a perícia tente identificar resíduos de explosivos. Quanto a mim, tal exame não foi feito. Daí, fica claro que a Polícia Federal sabia que não estava prendendo um suspeito.
— 2. Logo na saída de Poços de Caldas (onde fui detido) para Belo Horizonte, os policiais disseram que eu “deveria estar sendo detido para solucionar o atentado…”.
— 3. Em nenhum momento a PF tratou-me como suspeito. Eles queriam saber três coisas: a) como o FBI respondia às minhas cartas; b) um bom palpite para a Supersena (na época) acumulada em R$ 12 milhões e c)se eu poderia voltar com eles a Divinolândia-SP, para ali “mais bem realizar uma sessão espírita” e, assim, descobrir para eles o autor da bomba. Recusei o convite, formulado pelo delegado Mário Nakasa, e pedi para ficar preso. Para meu espanto, não havia sequer uma cela preparada para mim!
- Sou médium espírita há mais de 30 anos. De 1993, para cá, colaborei com as policias de alguns países, na captura de terroristas, enviando mensagens mediúnicas (o que é proibido no Brasil…) Quando à bomba do Itamaraty, e com risco da própria vida, denunciei a quadrilha que preparou o petardo durante 50 dias, através de seis cartas. A bomba explodiu exatamente na Divisão de Pagamentos, conforme enunciei em minha última carta ao Itamaraty.
Agora, atenção para o último parágrafo da carta do Mirândola:
— 5. Há duas correntes dentro do governo federal que convergiram para um mesmo sentido (minha prisão), mas com objetivos bem opostos: a)a corrente da bomba, que queria derrubar o sr. FHC, requereu minha prisão por 90 dias, para que pudessem fazer outra bomba, claro!!! e b)a outra corrente, que estava com o governo, queria “apenas” que eu adivinhasse o autor da bomba para eles, como se um médium espírita fosse um “adivinho”. Mas eu resolvi o caso para eles! Eis tudo!
PS: Te cuida FHC, também és um professor!