O problema está resolvido
Já vi gente colocar a própria fotografia em cartão de apresentação. Um professor da Faculdade de Odontologia da Puccamp lançou a moda em Campinas há quase trinta anos e não pegou. Ficou muito esquisito. Ele também era meio esquisito. Gravava o nome em caneta Bic; andava de galochas em dia sem chuva e de polainas em dia de chuva; não era careca e usava boina até na aula.
Mas, outro dia, levei um susto. Chegou uma carta, trazida pelos Correios e, no envelope, o que estava lá? O meu retrato! Você já viu isso? O gentil senhor Benedicto Jorge, morador aí em Campinas, acredito que de tanto me ler reclamando dos (péssimos) serviços da estatal da correspondência, decidiu facilitar a vida do carteiro. Recortou essa foto que tem a minha cara, aí no alto das crônicas, e pregou no envelope, junto ao nome do destinatário (o meu), também impresso. E funcionou!
Enquanto um exemplar do nosso “Correio Popular” leva, ás vezes, dez dias para vir de Campinas a Ribeirão, a carta do sr. Benedicto levou três. A partir de agora, arrume uma foto de quem tem de receber uma correspondência sua e grude no envelope, ao lado do selo. Ela vai voando.
Já pensou se essa moda pega? As papelarias começarão a vender envelopes personalizados, com a cara do destinatário impressa na frente e a do remetente no verso. Se o carteiro não encontra quem deve receber a “missiva”, os Correios publicam as fotos na imprensa: “Procura-se”. Quem recebe olha atrás do envelope e vê a fotografia de quem mandou. Dá até para brincar: “Lembra-se de mim?”
O melhor vem agora. Acompanhando belas mensagens de otimismo que me foram enviadas pelo sr. Benedicto (um amigo que não conheço), vieram as seguintes definições, com o título “A mulher e a contabilidade” – vamos lá? As feministas vão adorar. Mas o acerto de contas é com ele, não comigo.
- Solteira é “crédito”.
- Bonita é um “lançamento certo”.
- Casada é “débito”.
- Feia é um “estorno”.
- Casada e feia é “não exigível”.
- Feia, porém rica, é “compensação”.
- Ex-namorada é “saldo anterior”.
- Secretária que faz muita hora extra é “retirada da diretoria”.
- Sogra é “conselho fiscal”.
- Se fez operação plástica, é “benfeitorias”.
- Se está esperando bebê, é “obra em andamento”.
- Se pede dinheiro emprestado, é “devedores duvidosos”.
- Se dá bola, é “incentivos”.
- Se é noiva, é “reserva legal”.
- Se não é casada nem solteira nem viúva, é “contas a classificar”.
- Se ninguém a quer, é “disponível”.
- Se for pega em flagrante, é “passivo a descoberto”.
- Namorou muito e não se casou? É o “saldo à disposição da assembléia”.
- Faz programas? Então, ela é “renda de capitais não empregada nas operações comerciais”.
- Viúva com filhos é “resultado de exercícios anteriores”.
E o contador de um amigo, lendo o bilhete do sr. Benedicto, pediu licença para acrescentar:
- Filha casada de contabilista é “duplicata vencida”.
- Se a filha dele é solteira, trata-se de “contas a receber”.
- Se a filha se casar com noivo pobre, é “contas a pagar”.
- Se a filha ficar viúva de genro rico, é “lucro cessante”.
- Se ela ficar viúva de genro pobre, é uma “ação que volta ao mercado”.
- Se for “caso” do patrão, é “Caixa 2”.
Pregado no poste: “Começou o mês de agosto”.