Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002

O Nego do rádio

 

Sabe o Nego da Sanfona, personagem das tirinhas do Maurício Squarizzi? Isso, aquele escravo alforriado pelo Carlos Gomes, namorado da Nega, que serve cafezinho no Café do Povo. Ele está preparando uma seqüência com aventuras do Nego pela história do rádio de Campinas. Se você puder ajudá-lo, será um seriado delicioso. Algumas dessas aventuras já narrei aqui nessas nossas conversas. E existe uma turma boa no rádio de Campinas que pode contar – e protagonizar! – as histórias para o Nego.
O Renato Otranto, por exemplo, sabe tudo. Ele tem um rádio na casa dele, tão antigo, que pega estação que já fechou. O Renato me contou uma sobre o querido Renato Silva, o “Bico Fino”, descrevendo um desfile de Sete de Setembro na Glicério, que é de matar de rir. Confundiu D. Pedro I com Jesus Cristo. O coronel do Quinto G-Can queria esganá-lo (O Renato, não D. Pedro nem Jesus, claro.).
O Renato Otranto também pode contar aquela do José Silvério e do Vanderlei Nogueira, já dos temos de Jovem Pan, sobre um orelhão no Moysés Lucarelli, que servia de gorrinho não sei pra quem. (Squarizzi, essa você pede para o Otranto contar por telefone. Frente à frente, alguém pode sair contundido da história…). Ah! Tem aquela do técnico de som que, escondido, encostou a brasa do cigarro no termômetro e o Oliveira Andrade mandou ver: “Kolynos informa a temperatura: Nossa Senhora! Em Campinas, 54 graus!!!”.
O Roberto Ginefra é outro. Foi entrevistar o Jeff Christie (Yellow River… Yellou River… Lembra?), no intervalo do show no Cultura. O babaca exigiu ser entrevistado na bacia da privada. Quando o Ginefra abriu o microfone, o Christie puxou a descarga. Seo Palhares, mais esperto, cortou.
Agora, antes que o mestre Zaiman de Brito Franco conte a história favorita dele, eu me antecipo (já contei aqui). Guarani e Juventus no Brinco. Zé Duarte tirou Hélio Gigliori e colocou sei lá quem. O Hélio ficou uma arara. Jogo parado, confusão no campo, fui ao banco saber o que acontecia. Eu não conhecia jogador nenhum e me aproximei do Hélio:
— Ladeira, Ladeira…
— Eu não sou o Ladeira!
— Então, quem é você?
— Edson Arantes do Nascimento!
Olhei para a cabine, implorando socorro, e não vi ninguém.
Na arquibancada, a torcida gargalhava. A Cultura era a mais ouvida…
Pregado no poste: “É justa a Justiça a que só os ricos têm acesso?”

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