Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

O irmão da Rosa e a mãe da Cláudia

É a letra mais bonita que eu vi nos últimos tempos. Dá vontade de pôr a carta num quadro e expor numa galeria de arte. Muito obrigado, jovem Michel Anauate Salomé. Conhecem? É irmão da dona Rosa, ambos da lendária família das casas Anauate Modas (Treze de Maio) e Anauate Júnior (Barão de Jaguara). A da Treze foi a primeira a exibir manequim com biquíni em Campinas, há meio século, obra do vitrinista Aldo Bergantim, tio deste locutor que vos escreve. Um escândalo: parou a Treze, os bondes, os passageiros, os pedestres, a cidade. Ti-ti-ti maior do que a exibição da primeira Playboy na banca do Walter Falsarela.

Seo Michel conta uma história de uma campineira bonita. Ouça:

“… uma pessoa de grande projeção no passado, pela sua beleza e que hoje (ainda bonita) é sempre focalizada pela mídia, até porque, trata-se simplesmente da genitora de uma das mais badaladas estrelas da televisão (Cláudia Raia). Estou-me referindo, é claro, à Odete Mota, rainha dos estudantes (escolhida em concurso) na década de… (Seo Michel, é melhor não falar…) Era realmente muito linda, meiga e graciosa, inclusive (em opinião unânime dos que a conheceram) muito mais bonita do que sua própria filha, a belíssima Cláudia…

… você já deve ter ouvido falar de uma das figuras mais populares e folclóricas de Campinas: ‘Zé Trovão’. Sua voz grossa, rouca e arrastada lhe deu esse apelido. Sua mania era fazer versos. Versos de amor, em homenagem ou sobre qualquer fato em evidência. Como eu também sempre fui ‘metido a poeta’, o Zé sempre me procurou para mostrar os seus poemas, com vistas a eventuais reparos. E numa destas vezes, em um dos bancos da famosa ‘Mascote’ (salão de bilhar e ‘snooker’ na Barão de Jaguara – Largo do Rosário – freqüentadíssimo, sobretudo pela elite campineira), o Zé sentou-se a meu lado, desdobrou um papel de embrulho, onde havia ‘garranchado’ várias estrofes em homenagem à Odete, cuja beleza também o encantava. Pediu-me, então, ajuda, pois não havia conseguido uma rima para ‘MOTA’. Ele compôs no final da última estrofe: ‘Esta é uma homenagem a você, Odete Mota’. E eu, completei para ele: ‘Do sentimento que em meu peito BROTA!’.

Sua reação foi espetacular, chamando a atenção das inúmeras pessoas que ali se aglomeravam. Dava pulos de alegria, me abraçava e comemorava ruidosamente: ‘Boa, boa!’. Saiu feliz da vida o nosso Zé Trovão. Mas gostaria de saber se a Odete recebeu tais versos…”

Pregado no poste: “Um beijo, dona Rosa!”

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