Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

O Everest é nosso!

Até agora, sete brasileiros chegaram ao pico do Everest – quatro são de Campinas: além do Eduardo Keppke e do Rodrigo Raineri, que estiveram por lá terça-feira, venceram o desafio a Ana Elisa Boscarioli e Vitor Negrete, morto na volta, em 2006.

Emoção igual só quando os astronautas, comandados pelos jornalistas Eron Domingues e Hilton Gomes, pisaram a Lua pela primeira vez. Em Campinas, aquilo transformou em pantomima a noite de 20 de julho de 1969. Quem não teve tempo de chegar em casa, como eu, que voltava da casa da namorada, procurou uma brecha no Éden Bar. A balbúrdia começou porque, enquanto dona Globo exibia o pouso, quem achava tudo aquilo “fantasia de americano” queria ver dona Hebe Camargo entrevistar o então “o bom goiabão” Eduardo Araújo, na já decadente TV Record.

Cada um metia a mão no botão do capenga Invictus de 17 polegadas. Mais um pouco e veríamos Aldrin, Armstrong e Collings cantando “Menino Passarinho”, para acabar com a briga no bar. (Era assim que a Hebe silenciava o auditório: “Se vocês não ficarem quietos, eu canto ‘Menimo Passarinho’. Ninguém mais abria a boca, meu!).

Assistir ao depoimento do Rodrigo no site do Cosmo é uma lição de campineiridade, humildade e de vida. Ouça trechos: “Sujeira, muita sujeira, pena de ganso, pele escamando… Não tomo banho há nove dias. Estou um lixo. O cheiro é de assustar. Tudo isso seria desmotivante, se eu não estivesse preparado psicologicamente. Se (???) me visse agora, ela me socaria numa tina, numa banheira, por alguns dias. É muito difícil, estou privado de sono, de banho, de alimentação boa… Estou com muita saudade. Isso prova que ninguém precisa de muita coisa para ser feliz: banho quente, comida boa, cama e lençol gostosos — e saber que não vai cair avalanche de neve… Quando se passa por um perrengue desses, a gente se lembra que não é preciso muito para ser feliz…”

Aqui em Campinas tivemos um infeliz elemento que inventou de homenagear um assassino chamado Stalin, na estação da Paulista; até obrigou o povo a pagar um cachê desproposital a um amigo dele que veio fazer não sei o quê ali. A Nova Zelândia, perpetuou a conquista do pioneiro Edmund Hillary com seu rosto comprido e fino na nota de cinco dólares.

Seo doutor Hélio, seos edis da egrégia, não usem essa conquista, que é do povo, na campanha eleitoral. Deixe instituições independentes e apolíticas promoverem as homenagens.

Pregado no poste: “Lá em cima daquele morro tem um pé de manacá…”

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