Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2005Crônicas

Nem…

Brasileiro é assim. O mais poderoso e influente da nossa história tem nome francês, foi sócio do Papa numa bela empresa de ônibus e dirigiu uma entidade maior do que a ONU, para desespero dos americanos. Jean Marie Faustin Godefroid du Havelange, João Havelange para os íntimos, mandou na CBD, na CBF e na Fifa. Foi dono do futebol mundial por duas décadas e, até agora, não entende absolutamente nada de bola – quando muito, um bom remador do aristocrático Fluminense, o “pó-de-arroz”, ora, pois, pois. Mas é dele a melhor definição do esporte bretão que consagrou Pelé: “O futebol vive da controvérsia. Um pênalti duvidoso é assunto para a semana inteira, no País inteiro.”.

Talvez, por não se misturar a nós, o povo, vê a banda passar com a razão, jamais com o coração. Sabe da alma humana, com frieza e mão de ferro. Em jogo de cena, driblou Pelé e Maradona. Com ele na Fifa, o Brasil nunca foi campeão, mas pelas mãos dele os países da África chegaram lá. Amor ao próximo? Não, amor ao voto.

Não me esqueço daquela definição. No Brasil, político pode até roubar; mas juiz de futebol, nunca! É alijado; se bobear, linchado. Nenhum pego em flagrante durou na carreira. Esse bando de corruptos pode até se reeleger. Experimente colocar o tal de Edílson não sei do que para apitar um jogo… Mas nem que a vaca arrote sangue três meses sem parar, meu! O torcedor não se esquece de quem apitou aquele Ponte X Corinthians de Basílio e Ruy Rei, há quase trinta anos, mas não se lembra em quem votou para prefeito da própria cidade.

Pensei que domingo a Ponte Preta fosse devolver aquela vergonha do Morumbi. Que nada. Até levar o segundo gol, o Lauro era o melhor jogador da partida contra o Corinthians. Esfriou os adversários com um tombo na área que assustou todo mundo — era cera. Enxugou do rosto o riso maroto e mais um pouco de raça, o Corinthians teria dançado. Depois, falhou. Até ia recomendar o garoto para o Guarani. Mas eu, como o João Havelange, não entendo nada de futebol. Tanto que torço para o Guarani e sonhava ser motorista da Cometa, nunca dono, ainda mais sócio do Papa.

Pregado no poste: “A Ponte não ganha nem do Corinthians!”

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