Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Naquele bar

Durante sete anos, freqüentei sempre o mesmo bar – às vezes pela manhã, muitas vezes à tarde, também à noite. E olha que Campinas era bem servida, mas aquele era inigualável. Quase sempre lotado, gente feliz, atendentes adoráveis, freguesia e comes e bebes de primeira. Por toda a cidade, a concorrência era dura: Ponto Chic, cafés do Povo, Regina e Caruso. Bar Azul, Lo Schiavo, Ideal, Facca, Bancários, Copacabana, Giovanetti (Nossa!). Éden Bar (onde vi o homem pisar a lua e alguém brincar, em pleno reduto bugrino: “Já pensou se um deles encontrar a bandeira da Ponte?”)

Julinho e sua orquestra mais o sanfoneiro Nicola Pacelli tocavam no Ideal, diz uma reportagem do ‘Correio Popular’ de um quarto de século atrás, resgatada pelo site do João Marcos Fantinatti. Mais? Fácil: o bar da estação da Paulista, os bares do Chico Oreiudo (depois do Kana Higa) e do seo Felipe (depois do Pimentão), na Zé Paulino, ali perto do Centro de Saúde.

O bar do seo Zé Conagin, na Cândido Gomide, quase na frente do campo do Mogiana (toda cidade que se preza tem um bar do seo Zé). O bar do Espanhol, onde a Delfino Cintra se juntava à Antônio Lobo, para formar a Hércules Florence, rumo ao ‘Culto à Ciência’.

Saudade do Pachola e do Bar da Lingüiça, que fechou outro dia.

A reportagem também fala no Bar Tupi, de um intelectual marxista chamado Florence, que faliu. Intelectual dono de bar bebe o bar, ora bolas! Conheço vários. Marxista, então, pode crer, é de linha escocesa…

Os bares estão no fim. Viraram lanchonetes. Nem as cantinas das escolas escapam da onda dieteticamente correta. Ainda bem que chegamos a tempo de pegar o Bar do Alo, da cantina do ‘Culto à Ciência’. No balcão, ele e a família. Do outro lado, professores e alunos – uma toalhinha simples como os donos na mesa dos mestres, um sorriso alegre e as mãos estendidas com lanches para a molecada. E não vendia cigarros nem bebidas alcoólicas – hoje, escolas escondem produtos de consumo bem piores.

O movimento do bar do Alo só perdia para o da biblioteca. (A bibliotecária, dona Otávia, Maia era um show à parte.) Aquela escola foi assim. Por exemplo: seo Biojone, pai do nosso artista Chico Biojone, era um dos inspetores de alunos. Ele conversava com o professor Benê em Latim…

Pregado no poste: “Cubano em país livre parece cachorro em caminhão de ossos”

 

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