Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Na Culto à Ciência – 4

Nunca pensei que uma rua e seus moradores de antanho mexessem tanto com a alma de uma cidade. Parece até que a sacrossanta magia do Colégio Culto à Ciência contagiou os vizinhos. Por isso, o passeio com o Carlos Alberto de Abreu Ferreira e o Armando Affonso Ferreira continua hoje e nós vamos com eles pelo menos até amanhã:

“Na esquina com a Hércules Florence, neste lado impar, o último imóvel era um terreno com um casebre muito pobre, com chão de terra e no qual vivia a ‘Comadre Júlia’, senhora doente das pernas, que eram excessivamente grossas. Ela vivia ali com umas moças, não sei se filhas, e algumas crianças.”

(Creio, amigos, que sejam d. Júlia, sua sobrinha Maria Helena e seu irmão Pedro, dito “Pedro Caramujo”, porque andava com tábuas e folhas de zinco nas costas, para armar seu barraco onde deixassem. Na última vez que vi esses primeiros favelados de Campinas, tinham se ajeitado no fim da Rua Professor Luís Rosa, num caminho de terra que levava à Rua Hércules Florence.)

“Atravessando a Hércules Florence, início, portanto, da terceira quadra deste lado, a primeira casa, número 293, na esquina, pertencia à família de Luiz Barbosa de Oliveira, d. Isoleta e os filhos Caio, Luiz e Terezinha. Era um sobrado alto, muito bonito, cor de tijolo, jardim, um dos destaques da rua. Depois, ali  morou o sr. Geto Carcani  e sua família.

Em seguida, no 309, vinha a casa dos Schroeder Camargo, sem recuo da rua, como era muito comum, mas muito bem conservada, uma porta alta e uma janela grande de cada lado.  Uma filha do casal chamava-se Aracy e estudava no Culto à Ciência. Pegado, havia uma serraria, ou madeireira, em um terreno grande que, calculo, teria uns 40 metros de frente. Esta serraria sofreu um incêndio lá por 1939 ou 1940, que eu assisti de uma janela de nossa casa e me lembro bem.  Parte deste terreno, anos depois, o dr. Affonso Ferreira adquiriu e construiu a casa para a qual se mudou anos depois: número 343.”

Se alguém se lembra, amanhã vamos saber do “Chico Espinho”. Imagine a emoção: a Vera Egydio Souza Aranha Afonso Ferreira, casada com dr. Armando, escreveu para dizer que esteve na festa do meu primeiro aniversário e me presenteou com um livro de pano — História da Carochinha. Nossa! Tenho esse livro até hoje!

Pregado no poste: “Campinas era assim: só vivia gente aqui”

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