Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Na Culto à Ciência – 1

Se você viveu ou vive na Rua Culto à Ciência, será um passeio e tanto rumo aos anos 30 e 40, em companhia do Carlos Alberto de Abreu Ferreira e do Armando Affonso Ferreira. A caminhada começa hoje e não tem dia para acabar. São eles que nos apresentem a esse passado:

“Para os campineiros mais velhos, dos anos de 1936 a 1945, e para os mais moços, que não alcançaram estes anos, mas gostam de ler sobre Campinas antiga, escrevo estas recordações que se referem à Rua Culto à Ciência:

Naquele tempo, se passasse um carro por hora por aquela rua, era muito; o que vinha por ela e aguardávamos ansiosos, nós, crianças, era a carrocinha, fabricada especialmente para as padarias, puxada a cavalo e que, na parte de trás, como um porta- mala dos carros, tinha o depósito de pães de vários tipos, vendidos casa a casa. E passava o bonde 9 (Botafogo), pelo trecho entre a Rua Hércules Florence e Avenida Barão de Itapura. Era uma rua bastante agradável, bem arborizada e com ótimo calçamento, casas conservadas e habitadas somente por gente amiga, educada.

A rua, mais ou menos curta, do lado par tinha na primeira quadra, a partir da rua Marechal Deodoro, a residência da família Frias (a filha Aureluce), comerciante de secos e molhados — casa grande, com fachadas nas duas ruas, jardim e grades prateadas em toda a frente.

Depois, havia dois sobradinhos geminados, com um pequeno jardim na frente. No primeiro, nº 28, residia Washington Marcondes Ferreira, engenheiro da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, sua esposa Zininha e os sete filhos: Cybelle, Marília, Vicente, Irinéa, Maria Cecília, Lindorf e Carlos Alberto. No outro sobrado, moravam americanos, de quem não guardo o nome. Em seguida, vinha a casa dos Mazini, fachada  a partir da calçada, porão com grades e acima dele, uma fileira de três ou quatro janelas. O sr. Mazini era empreiteiro de construção.

Suas vizinhas eram dona Rosa Pagano e suas filhas Nenê, Nonô, Nicolina, Elza, Yolanda, Rosinha e Iza. Era uma casa muito grande, nº 76, em um enorme terreno que chegava até à rua paralela abaixo da Culto à Ciência, a Falcão Filho. Havia pequeno tanque com peixinhos, dentro do jardim, em frente da escadaria de entrada, que dava para um grande terraço.”

(Ali na Falcão Filho, morou a mestra Mariinha Motta Aguiar, professora de Canto Orfeônico do colégio. Figura sagrada. Quando não enxergava mais, reconhecia seus ex-alunos, já adultos, pela voz!).

Pregado no poste: “Uma escola enobrece esta rua”

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