Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Misericórdia!

Nossa cidade vive seu pior momento. Se alguém ainda estiver vivo, vai comparar e lastimar: “Nem na epidemia da febre amarela!” Um foragido da Guerra Civil Espanhola juraria: “Nem Guernica”. “Nem Hitler foi tão cruel com Lídice”, diria um tcheco. “Bagdá? Vocês não conhecem Campinas!” O 11 de setembro que golpeou a América não é pior do que o 10 de setembro que nos atingiu.

Nunca tão poucos desprezam tanto uma comunidade como os que devastam (e desrespeitam) nossa terra! Ela, que sempre serviu de exemplo para o mundo, ponto solitário e iluminado do planeta a honrar um País, hoje não serve de exemplo nem ao partido político de sua prefeita. Nem o partido a que ela (ainda) pertence tem coragem de usar sua administração como modelo a ser exibido em sua propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Campinas, assediada (sem nunca ceder) até pelos ditadores militares de plantão, bombardeada pela canalha getulista, de capital da cultura, virou capital da cultura de almanaque. Antes, a mídia a procurava para se deliciar e ensinar seus leitores, ouvintes, telespectadores. Hoje, ela exibe quem Campinas atrai e a trai: são traficantes, ladrões, saqueadores, bandidos, no lugar de artistas, cientistas, professores, juristas, filósofos, esportistas.

Nem para o partido da prefeita e de seus amigos nossa cidade existe. Campinas acabou até para o partido que deveria administrar a cidade – por eleição — atingida por uma fatalidade. E a prefeita, a comprovar o “bem” que ela e sua equipe nos fazem, também não tem coragem de testar seu desempenho nas urnas. Prefere jogar um companheiro obrigado a defender o indefensável. Quem vai coonestar esse insulto cometido contra cidadãos de bem que fizeram desta cidade um centro de referência e excelência, hoje esquecido até pelos chefes de seus administradores? Onde vivíamos, hoje sobrevivemos. Abandonaram a prefeita da nossa cidade ao sabor das feras do “quanto pior, melhor”. E ela não percebe. Aceita tudo e não expulsa de sua roda os que tripudiam sobre nossa história.

Agora, vem a notícia de que ela usa publicações oficiais para fazer promoção de sua imagem. “O mais recente exemplo é uma cartilha, em formato de um gibi, intitulada ‘Conhecendo o Orçamento Participativo’, que além de ter o nome da chefe do Executivo, traz desenhos de uma personagem que faz alusão à prefeita. O povo de Campinas pagou R$ 29 mil por esse gibi de 30 mil exemplares”. Mosquito da febre amarela? Franco? Hitler? Bush? Getúlio? Desse gibi, Zé do Caixão nem Átila topariam de ser heróis.

Pregado no poste: “Detesto tanto os políticos, que não votaria nem na minha mãe”

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