Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Mata mais que…

De tanto levar ‘frechada’ do teu olhar’ / Meu peito até / parece sabe o quê? / ‘Tauba’ de tiro ‘ao Álvaro’ / Não tem mais onde furar / Teu olhar mata mais do que bala de carabina / Que veneno ‘istriquinina’ / que peixeira de baiano / Teu olhar mata mais / que atropelamento de ‘automóver’ / Mata mais / que bala de ‘revórver’”.

O valinhense Adoniran Barbosa (esse valinhense é gente fina!) deve ter se inspirado no olhar da repórter Eloisa Morales, cá de Araçatuba, quando fez esses versos fantásticos, imortalizados pela Elis. Quando vê notícia, a Eloísa fulmina, esfuzia, enxerga o fato antes de acontecer. O eterno sorriso sai do rosto e foge da alma dessa mãe da Ângela.

E foi com uma reportagem que ela sacou, que me lembrei dos bandidos de antanho. Aqui, Satã, Toni Gato e Sete Dedos entravam nas casas, sem acordar nem matar ninguém, para levar pelo menos um par de chinelos. E saíam satisfeitos. Houve um que entrou no banco com uma inocente (inocente?) garrafa de Coca-Cola, chegou perto do gerente, espirrou o líquido nele, tirou a caixa de fósforos do bolso e falou baixinho: “É gasolina. Leve-me ao cofre e tudo ficará bem. Ficou.”

Agora, (quase) todos os crimes podem ser cometidos sem que o bandido se levante da cadeira. E… pense nisso: jamais será pego em flagrante. Hoje, o bandido assalta banco, lojas, você; ameaça; injuria e difama; forma quadrilha; invade privacidade; agride; frauda; explora crianças; extorque; mata de susto… Comete quase tudo o que está no Código Penal e a Justiça nem pode usar o mesmo Código Penal para condená-lo como devia. Como provar?

Crime virtual? Nada disso! Virtual, só o cenário. O crime é real, mas a sociedade ainda não caiu na real. Enquanto a polícia (com o nosso dinheiro) compra revólver, espingarda e pistola, os bandidos eletrônicos já atacam a sociedade sem serem vistos. É o meliante invisível do Século XXI protegido (!) pelo Código Penal dos anos 40s, meu Deus!

“Mãos ao alto!” É como se o bandido apontasse a arma para todos num “cybersaloom”, sem que ninguém ali consiga vê-lo. E todos estarão de braços erguidos, se não, o tiro acertará um por um. Ele “entra”, @ todo mundo e se vai. Como desarmá-lo? Nem John Wayne, Hapallong Cassidy, Tom Mix, Zorro, Tonto, o bobo aqui, Texas Kid, Bill Clinton, Bill Kid…

Quer saber? Nem Bill Gates.

Pregado no poste: “Avisa lá que o terrorismo acabou; bombas no povo nunca mais”

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