Mas é assim mesmo
Foi fulminante. Semana passada, o jornalista Roberto Godoy fez um a conferência/bate-papo para alunos de jornalismo das Faculdades Barão de Mauá, aqui em Ribeirão Preto. Tenho certeza de que o texto que ele leu na abertura tirou da rota pelo menos meia dúzia de já ex-futuros jornalistas.
Ele nem eu sabemos a autoria, mas é tudo verdade. Dou fé:
“Lúcifer, em seu estado permanente de desobediência, deu aos jornalistas a graça de produzir informações. Contrariado, Deus decidiu dar o troco. Porém, temendo a reação negativa da mídia, Ele lançou sobre repórteres, editores et all, uma complexa maldição, composta por 15 pragas:
- Não terás vida pessoal, familiar ou sentimental.
- Não terás feriados, fins de semana ou mesmo férias que não possam ser interrompidas.
- Estarás condenado ao cansaço físico e mental.
- Terás gastrite, pressão alta, princípio de enfarte, estresse e depressão.
- A pressa será tua sombra e tuas refeições principais serão o lanche da padaria da esquina, a pizza do ‘pescoção’ ou uma coxinha comprada no bar mais próximo do local onde realizarás reportagens ou farás o plantão-de-porta.
- Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo; se te sobrarem cabelos.
- Tua sanidade mental será posta em xeque antes de completares cinco anos de trabalho.
- Ganharás muito pouco, não terás promoção por mérito, não terás perspectiva de melhoria e não receberás elogios de seus superiores e leitores. Porém, as cobranças serão duras, cruéis e implacáveis.
- Trabalho será teu assunto preferido; talvez o único.
- A máquina de café (no meu tempo, era garrafa térmica) será tua melhor colega de trabalho; a cafeína, porém, não fará mais efeito depois do 10º copinho.
- Os bares que ficam abertos de madrugada serão tua única diversão e somente neles poderás encontrar malucos iguais a ti; talvez companheiras(os) de jogos amorosos.
- Terás pesadelos freqüentes com horários de fechamento, palavras escritas erradas, reclamações de leitores, matérias intermináveis, processos, gritos ao telefone… E, não raro, isso acontecerá durante o período de férias – férias de 20 dias, de 30, jamais.
- Tuas olheiras e mau humor serão teus troféus de guerra.
- Por mais que sejas um profissional ético, serás visto na rua com suspeita.
- E, apesar de tudo isso, haverá uma legião de ‘focas’ querendo ocupar o seu lugar.
A esse pacote, o jornalista e ex-deputado Audálio Dantas – repórter da lendária revista ‘Realidade’ e sindicalista – acrescentou: “Apesar de tudo, ainda é melhor do que trabalhar!”. De fato, em se tratando de político e sindicalista, tudo é melhor do que trabalhar, mas para o jornalista, nada é melhor do que trabalhar.
Pregado no poste: “Quando um pobre pedir esmola, dê o endereço de um político para ele”