Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

Maré braba

Senhores vereadores, o mar não está pra peixe, a maré é braba e a bruxa anda à solta. Cuidado, em rio que tem piranha, jacaré nada de costas.

Um homem armado abriu fogo na prefeitura de Nova York. O vereador James Davies, de 41 anos, foi morto e uma pessoa ficou ferida.

Vereadores de Porto Ferreira são presos, acusados de abuso sexual contra menores. Colegas de Campo Grande, também. (Estranha essa expressão: “abuso sexual’. Então, “uso” pode? Ô língua! Digo, ô idioma!).

Em Teixeira de Freitas, na Bahia, um vereador, dono de auto-escola, vendia carteiras de habilitação.

Deu no jornal (Essa é gozada: “deu no jornal”) que vereadores de Barra Bonita poderão instaurar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar um outro parlamentar por uso de drogas. Também deu: em outra cidade, um vereador renunciou alegando perseguição movida pelo prefeito, que o impedia de trabalhar. De repente, longe da Câmara, ergueu uma mansão numa fazenda, com um chafariz de fazer inveja à fonte luminosa do lugar. Ganhou para renunciar e deixar o caminho livre para o prefeito agir também?

Dois em uma: o ex-vereador de São Gonçalo Ricardo Crespo de Araújo, o ‘Castor’, e seu advogado, Miguel Nogueira, foram condenados a quatro anos de reclusão pelo crime de corrupção de funcionário público. E o ex-presidente da Câmara de São Gonçalo, Carlos Lopes da Silva, o ‘Carlinhos da Marmoraria’, foi baleado quando saía de uma sessão.

Em Recife, o vereador Joaquim Pereira de Almeida, de Tupanatinga, foi preso e autuado em flagrante porque cobrava R$ 10,00 para inscrever gente da zona rural no programa federal Fome Zero.

Por estas redondezas já houve vereador que tentou revogar a lei da gravidade para impedir a queda de uma caixa d’água. Outro, de mais perto, propôs estabelecer limites para o tamanho das pizzas. Na ditadura, vereador já não fazia nada – não podia legislar sobre quase tudo. Nos quatro anos de uma legislatura, só um projeto de iniciativa deles foi aprovado em São Paulo: é proibido fumar nos supermercados. Todos respeitam?

Aqui em Campinas, eles se viravam. O inesquecível Orestes Segalio acertou na mosca. Um bando de americanos queria porque queria impor parquímetros no centro da cidade. Segalio foi lá e provou que o equipamento era uma porcaria: em vez de moeda, usou tampinha de cerveja, catada na calçada do Éden Bar, mesmo. Funcionou. Grande Segalio!

Pregado no poste: “Agora, o Lula é a favor da reeleição…”

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