Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

Lição

Como sempre mais inteligente e perspicaz do que a média dos homens, o médico Dráuzio Varella matou a charada: “Defesa de fumo em bares é ignorância ou interesse financeiro.” Pulando de fumo para droga, uma observação: de repente, não se falava em outra coisa: a morte de trabalhadores em canaviais paulistas. Um jornal denunciou a rede do tráfico contaminando os trabalhadores dessas lavouras e, tão de repente quanto, desde a publicação não morre ninguém. A quem interessava disseminar a droga por ali?

Aos que defendem a liberação das drogas, tomara que o relato desta mãe para a Agência Folha sirva de lição, porque é de lição que eles precisam:

“Após matar o único filho — Tobias, de 24 anos, dependente de crack– durante uma briga no domingo de Páscoa, a consultora aposentada Flávia Costa Hahn, 60, diz que quer atuar em organizações de apoio a famílias de usuários de drogas e cobrar políticas públicas para o tratamento de viciados.

‘Quero dizer para as mães que não desistam. Que se, entre mil, um se salvar, talvez seja esse um o filho dela. Eu não consegui salvar o meu.’ Flávia conta que o filho a submetia a constantes ameaças e chantagens para comprar droga. O disparo aconteceu depois de uma briga por mais dinheiro, na casa da família, em um bairro de classe média alta de Porto Alegre. Após ser empurrada pelo filho sobre vidros quebrados e sofrer agressões, Flávia pegou uma arma da família (o marido é colecionador), mas atirou, segundo ela, acidentalmente enquanto o marido tentava tirá-la das mãos.

‘Não tem volta. É a única coisa que eu tinha na minha vida. Apesar da droga, só vivia por ele.’

Flávia responde ao processo em liberdade. Tomando calmantes, ela conta não consegue mais dormir. Na entrevista, de uma hora, ao lado da piscina de sua casa, teve de ser interrompida duas vezes para Flávia chorar.

‘Eu trabalhava, meu esposo trabalhava, mas sempre acompanhei o desempenho dele [do filho]. As notas caíram e ele começou a perder o ano. Passou a fumar maconha com 14 anos, dormia muito, não queria levantar de manhã. Fui dando conselho, fui xingando, não adiantou. Com 17, começou com a cocaína.’

A consultora também contou sobre a facilidade de se obter drogas. O filho acabou viciado em crack. ‘A 200 metros daqui já tem o primeiro traficante vendendo às 18h. É muito fácil achar, e uma pedra custa R$ 5. Como eu dava dinheiro para ele, não precisava assaltar. Daí começou a me obrigar a dar todo dia.
Ameaçava por fogo na casa, quebrar os vidros. Quando eu não dava, ele atirava pedras.’ O filho chegou a ser internado seis vezes, e fugiu em todas.”

Desconfie de quem defende a liberação das drogas. Boa coisa não é.

Pregado no poste: “Lugo, cinco filhos, todos ilegítimos como bom produto paraguaio”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *