Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Liberdade, a arma do povo

Estivesse valendo esse código de defesa dos direitos humanos, preparado por intelectualóides nazicomunistas num estilo para ninguém entender, duvide-o-dó que hoje, mais de mil vítimas de um quase genocídio perpetrado contra moradores do Recanto dos Pássaros, em Paulínia, estariam beneficiadas por tratamento médico e psicológico imposto aos seus algozes pela Justiça do Tribunal Regional do Trabalho. O lugar teve o solo e as águas subterrâneas contaminadas por metais pesados, pela Shell, dona da área depois vendida para a Basf.

No Brasil a Justiça ainda talha, mas não farda mais. Porém, a demora das autoridades, atropeladas pelas manhas dos réus, acelerou a morte de 53 trabalhadores que não suportaram os efeitos do envenenamento (ninguém será punido por isso?). E como crueldade pouca é bobagem, ainda cabe recurso, mas creio que o Tribunal Superior do Trabalho seja incorruptível e seus ministros, sensíveis ao sofrimento de seus semelhantes. As empresas têm 30 dias para publicar, em jornais e TVs, o edital de convocação dos trabalhadores e descendentes abrangidos pela decisão.

Aquele esboço de código, tramado por mentes mórbidas, quer que o governo controle os meios de comunicação – ou seja, quer que pessoas incrustadas no poder decidam o que os cidadãos que os sustentam podem ver, ouvir, pensar e falar. Nada mais igual à ditadura militar. Alguns ainda se excitam com os charutos do Fidel Castro.

Como já vivíamos em liberdade quando a tragédia se deu, dois repórteres do nosso Correio Popular é que saíram em defesa dos trabalhadores e seus familiares. Mário Rossit e Marcelo Villa descobriram tudo. Armados de caneta e papel, com quartel-general nesta redação, fizeram dos direitos das vítimas um dever da Justiça. Aquela comunidade recuperou a dignidade e o direito sagrado de voltar à vida sem ameaças.

A denúncia foi tão eloqüente e clara que nem uma multinacional concorrente resistiu a premiá-los. Momento histórico aquele: a Shell deu o ‘Esso’ pra o Correio.

Pregado no poste (em Paulínia) “Você não pode confiar na Shell…”

 

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