Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

J. Toledo

“J. Toledo está excepcionalmente em férias.” Recebi este recado dele há ano e meio.

E agora? Quem vai me ligar todo domingo às 11 da manhã, para “trocar dois dedos de Prozac”; dizer que tinha passado uma bela noite, mas já era hora de ir para a cama?

Os escritos do nosso J. Toledo são assim: para sorrir na hora e, depois, nunca mais parar de pensar. Ele fisga a gente e volta e meia algo que escreveu há meses baila no pensamento. Aí, outro sorriso é inevitável e mais adiante… Como homenagem, relembro do que escrevi quando ele lançou “Dois uísques em Cafarnaum’. São títulos de uma coleção de suas crônicas para o nosso “Correio”:

Saboreie em doses para leoa:

Escrúpulos do ex-crápula; A quem interessar, poça!; Pequenas troças sobre um grande troço; O impávido colostro; Polonaise Hellman’s; A hora e vez de Augusto matracar; Esperando bidet; Há 50 ânus (disse a enfermeira ao proctologista, apontando a sala de espera); Na pior das hipófises; O retrato de Esbornian Gay; Meu tipo inesgotável; Jack, o stripteaser; Babando aqui como Ali Babá; Noches de cabide; Pensando bem, o Sol é para toldos; Quântico dos quânticos; Quem tem Harry vai ao Potter; Chuvas Regal & dádivas contemporâneas; As alegres comadres de Windows; Simplesmente um cool para conferir; Sem ânus de solidão; A pomba gira e a lusitana arrota (antológica!).

Mais? Carregando uma estátua de Joana D’Arc, fui preso por dois PMs por porte de heroína; 20 mil línguas sobre Marina; Melhor filosofar no bidê que dar atenção a você; Há algo de podre no reino da Dona Marta; A verdade de hoje é a prova cabal de que não se fazem mais mentiras como antigamente.

Incrível como pessoas vazias têm sempre o dom de nos encher o saco; Tanto a direita quanto a esquerda são inofensivas — o perigo está na estupidez; É perigoso comer bem no meio de gente que arrota mal; Samba no pé, sexo na cabeça e borboletas na barriga podem confundir o legista; Ordem & processos; Naus & Abundos; Só o homem que renuncia a tudo coloca-se na posição de compreender o nada; Viver e morrer sem nada compreender é privilégio das multidões (genial!); Sobre Aída de Verdi e a volta do amarelão; Inútil ler Camões sabendo que a Inês é morta. Só mais duas: Muita gente escapou da morte, mas nenhuma delas da vida; Assim na vida como na morte, o importante mesmo é manter o penteado.

Pregado no poste: “Pode encher a cara!”

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