Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

Inutilidade

Não vou entregar o nome da fábrica, porque ela ainda existe e os donos vão morrer de vergonha. Mas na época, foi um daqueles motivos de chacota para o Brasil. Nosso então ministro da Indústria e do Comércio, o bom gaiteiro Pratini de Moraes, contou que uma firma de cosméticos inventou de vender alisador de cabelos sabe onde? Na Nigéria. Os vendedores fugiram a nado. (Escrevi “alisador” porque o Houaiss diz que “alisante” não existe… Mas pimenta malagueta existe, não?)

Por falar em chacota, soube hoje que enquanto existiu em Londres o escritório brasileiro do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), formou-se ali a biblioteca com o maior acervo do mundo sobre cana, açúcar, álcool e derivados, obra e graça de Wolmer de Monte Alegre, que dela cuidou por mais de 30 anos. Ele morreu e, em 1989, o Collor extinguiu o IAA. O último encarregado do escritório recebeu ordem de embalar tudo direitinho e mandar para o Rio de Janeiro — de navio. Ao avisar nosso respectivo ministério de que só o frete custaria milhares e milhares de dólares, recebeu ordem para queimar tudo. Será que a mãe desse elemento ainda está viva?

É comportamento de quem não sabe dar valor ao que tem. São os “jacarés” da sociedade, que compram cadeira, mas não tem para se sentar. E compram o que não precisam, por um preço que não podem, para exibir a quem não se interessa. Quantas madames tem casaco de pele em Salvador?

Meados dos anos 50, televisão engatinhando no Brasil, era fácil ver casas com antenas no telhado e nenhum televisor na sala. “Está no conserto”, era a desculpa para quem perguntava.

Quantos bugrinos querem um estádio para um time que acabou? Quantos pontepretanos exigem faixa na camisa para um título que não vem? Porque o Paraguai tem ministério da Marinha e o Brasil, da…? Se biblioteca tivesse valor no Brasil, já não teria sido assaltada? No entanto, são o lugar mais seguro do País e guardam sua maior riqueza. Para que gastar tanto com estudo, se quem assinou a reforma ortográfica não passou do grupo escolar e é “o cara” do Obama – só o brasileiro é capa de uma façanha assim.

Veja o que saiu nos jornais: o celular não pega em Calumbi (PE), mas o cartão de recarga é o grande sucesso do comércio da cidade de sete mil habitantes que compram três mil cartões e 30 aparelhos por mês.

Pregado no poste: “Tiradentes espalhou que Silvério dos Reis tinha mau hálito”

21/04/2009

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