Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2001Crônicas

Ilha sem limites

Lições de Geografia: península é a porção de terra cercada de água por todos os lados, menos por um, que está ligado ao continente. Ilha é uma porção de terra cercada de água por todos os lados, menos por um, que fica em cima…

Depois de “No limite” (Você viu? Nem eu.), estréia esta semana na TV americana “Ilha da tentação”, logo, logo, nas telas do doutor Roberto também. Quer apostar? O enredo, que os estadunidenses pensam ser digno desta abertura de século 21, pode ter sido inspirado numa ilha que jamais existiu em Campinas, mas que ficava lá pras bandas do Rio Aibaia, fingindo pesqueiro, longe, bem longe, das paragens do J. Toledo. Os freqüentadores chamavam o lugar de “ilha” para disfarçar o pesqueiro, reduto de uma brincadeira que (quase) todos os campineiros sabiam de ouvir falar ou de… freqüentar. Não olhe pra mim, porque sou daqueles que só ouviram falar.

Nada parecido com a Berkel, que paquerava homens e mulheres, parada na porta da Drogasil, esquina da Glicério com a Treze. Embora uma das “ilhoas” fosse amiga de uma balconista daquela farmácia. Outras: uma colega, de um grande magazine da Treze; duas estudantes da UCC e acho que chega. Todas, para usar o termo da época, “de fechar o comércio”. Do lado deles, um “ilhéu” era universitário; outro fazia Química em São Paulo (estava na moda estudar Química; “curso de playboy”, diziam); o terceiro, um negro alto, forte, que trabalhava numa banca interna do Mercadão e não me lembro do quarto.

Uma grande aposta. Quatro casais, bem casados, daqui ou de outro lugar, enfurnavam-se três, quatro dias, na “ilha”, com os oito convidados. O objetivo dos “oito” era seduzir os quatro casais – homens seduzindo mulheres e mulheres seduzindo homens, bem entendido –, para desafiar o limite de resistência dos casados. Quem caísse em tentação, traindo o cônjuge, perdia a aposta e pagava a conta: aluguel da “ilha”, cuja casa era quase cinematográfica, comida e bebida fartas e o helicóptero, que os apanhava e os deixava discretamente em Viracopos, ainda um barracão, em quatro viagens de ida e volta.

Tudo acabou quando… Sabe quem era o piloto do helicóptero? Um dia eu conto. Acabou o espaço.

Pregado no poste: “Seu telefone é do tempo em que fazia trrriiimmm?”

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