Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Hoje era dia

O campineiro Luís Montagner mandou um presente que me fez lembrar das aulas de Português do mestre José Alexandre dos Santos Ribeiro, no ‘Culto à Ciência’. Na época, dois humorísticos rivalizavam na TV: ‘Família Trapo’, nas noites de sábado, na Record (quando aquilo era uma estação de televisão), e ‘Show Riso’, com o iniciante Renato Aragão, na TV Excelsior, destruída pela ditadura.

É impossível e covarde comparar as duas atrações. ‘Família Trapo’ é obra de gênios: Nilton Travesso, Manoel Carlos, Raul Duarte e Antônio Augusto Amaral de Carvalho (o seo Tuta, da Jovem Pan). Eles formavam a ‘Equipe A’, daquela emissora inesquecível e insuperável. Carlos Alberto de Nóbrega e Jô Soares escreviam as histórias.

No elenco, outros gênios: Jô Soares (o mordomo Gordon); Otelo Zeloni, homem de uma grandeza imensa, era seo Pepino Trapo; Renata Fronzi, casada com o campineiro César Ladeira, a Helena; Ronald Golias, é preciso defini-lo?, o Carlo Bronco Dinossauro; a então excelente repórter Cidinha Campos, hoje deputada no Rio de Janeiro, coitada, a Verinha; e Ricardo, filho do campineiro Renato Corte Real, o Sócrates. Elenco que fazia o Brasil rir demais sem apelar jamais! O que existe hoje, fingindo fazer humor, perto daqueles artistas, é tudo porcaria.

Na nossa classe, além da genialidade do nosso professor, havia outro entre os alunos, o querido Sidnei Levy, hoje uma alegria no céus. Entre cenas de ironias, cinismos e sarcasmos trocados entre esses dois, o professor encerrava com a comparação: “Quem nasce para Família Trapo nunca chegará a Show Riso”.

Restam só quatro programas inteiros no arquivo daquela estação. O presente que o Luís me mandou é um “Show do Dia 7” (lembra?), ambientado no jardim da casa dos Trapo, levado ao ar no dia 7 de julho de 1967, para comemorar o aniversário do Branco. Olhe só quem participa (é para assistir de joelhos, com o cardiologista de plantão e aplaudir de pé): Blota Junior e Sônia Ribeiro, Regional do Caçulinha, MPB 4, Quinteto Luiz Loy, os Vips, Os Vandecos (que acompanhavam a Vanderléia), Som 3, o humorista português Raul Solnado, Jair Rodrigues, Simonal, Ronnie Von, Hebe Camargo, Erasmão e a divina Elisete Cardoso.

A Sônia do Blota tinha o sobrenome Mokarzel. Era campineira também? Gente boa toda vida essa ilustre dama da TV. Classuda, educada, não perdia a linha. Tem uma neta jornalista, Sônia Blota, na TV Bandeirantes.

Pregado no poste: “Brasil, país do futuro ou do nunca?”

 

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