Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Heroína absolvida!

O que se faz para aparecer em tempos de eleição é caso de internação. O que se faz depois, pode ser caso de polícia. Um policial militar, afastado da corporação para arriscar uma boquinha de vereador, está num folheto, todo garboso, fardado (proibido), ao lado de uma viatura da PM (proibido), exibindo uma sub-metralhadora (proibido), com uma mensagem mais ou menos assim: “Prisão para indícios de corrupção”. Absurdo: nunca se viu indício preso. O radialista Wilson Tony, de Ribeirão Preto, sugere ao candidato outro folheto: “Marcha soldado / Cabeça de papel / Quem não votar direito / Vai preso pro quartel”.

Esta é do deputado Ricardo Zarattini, de origem campineira e do mesmo partido de nossa veneranda alcaidessa. Ele apresentou requerimento para que a Câmara envie uma comissão para fiscalizar as eleições nos EUA. Diz que é para evitar fraudes na disputa Bush x John Kerry. Diz o jornalista Ancelmo Goes: “Não é nada, não é nada… não é nada.” Ou seja como tudo o que político faz. E nós pagamos. (Esta noite, o Bush não dorme…)

E nossa alcaidessa tanto fez que virou heroína de história em quadrinhos. Quer dividir a fama com a Mulher Maravilha (sou mais a senhora, estupenda alcaida), a Mulher Aranha (epa!), a Lois Lane, a Mulher Gato (não seria gata?), a Miss América, a Shena – a Princesa Guerreira (‘princesa’, é?), a Gina das Selvas, a Chita… A Chita! Não, acho que é a Jane… A Narda (do Mandrake), a Diana Palmer (do Fantasma), a Dale Evans (do Roy Rogers), a Zorra (do Zorro), a Tonta (do Tonto), a Flash Gorda (do Flash Gordon), Mônica, Mafalda, Luluzinha, Vovó Donalda (ainda é cedo, não?).

Quero vê-la, oh elegante e intrépida mulher dos Jequitibás, a plantar um alecrim no Largo da Catederal; a duelar com servidores famintos suplicantes por melhores salários; a espantar camelôs com sua vassoura atômica; a pulverizar o lixo de nossos logradouros com seu olhar indômito; a fustigar bandidos com sua espada luminosa; a devolver Campinas aos campineiros e partir em seu cavalo alado aos gritos de “Aiou Silver!”. E o povo, neste chão abençoado, um dia conspurcado, a bramir diante da nova era: “É um pássaro? Um avião? Um gavião? Ou uma águia? Não, é a nossa fênix de volta!”

Acorde Campinas, que ainda faltam 106 dias. Por enquanto, nossa prefeita conseguiu outra façanha: a primeira heroína de história em quadrinhos condenada pela Justiça (mas absolvida em cima do laço). Entre outras diatribes, por “prática de dupla infração, em um autêntico concurso formal de delitos, nos expressos termos do artigo 70 do Código Penal”. Está na sentença.

Pregado no poste: “Quem pagaria a multa, nós ou a senhora?”

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