Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

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Grite e passe

“Num belo sábado, nossa primeira aula seria na sala de Física, do professor Moacir, a sala redonda. As meninas, entre elas Dondo, Rosa, Sara, Marisa e Dirce, foram dispensadas por dona Celina Duarte, para ir ao cabeleireiro, pois à noite, haveria o Baile das Debutantes, no Teatro Municipal. Você já viu tamanha injustiça? As meninas no cabeleireiro e nós com Física, Química, Matemática e Desenho? Virei para meu vizinho, mais conhecido por Gilberto Serra, e disse: ‘Vamos embora, nadar na Fonte São Paulo.’. Dito e feito em cinco segundos não havia mais viva alma na sala. Telêmaco, o diretor, nos alcançou, avisou meu pai, avisou o pai do Eurico Selmi e deu no que deu: três dias de suspensão. Telêmaco escreveu nas cadernetas: ‘Suspenso três dias por ter saído sem ter entrado.”. Ademar Strachman — turma de l954.

“Primeira série do ginásio, primeiro mês de aulas. Mais calouro, impossível! Já na classe – todos de paletó e gravata – esperando o professor, ‘seo’ Pedrinho, resolvi fazer o que fizera um amigo que estudava no Ateneu Paulista: peguei um pedaço de papel, escrevi “grite e passe” e… passei. O Laurão, inspetor de alunos, pegou o papel e levou pra Diretoria. A sentença de dona Celina Duarte em minha caderneta foi: ‘Suspenso 3 dias por passar um bilhete escrito grite e passe.’ Só que o ‘g’ minúsculo da dona Celina parecia um ‘f’ e, não bastasse ter de enfrentar a fera do meu pai com a notícia da suspensão, ainda tive que responder à primeira pergunta que ele me fez: ‘O que quer dizer frite e passe?’” Guilherme Nucci.

Ademar, agora, o doutor Telêmaco é diretor de uma escola lá no Céu, mas ele estará entre nós sábado, no Culto à Ciência, que era o nosso céu. Disse que vai recolher as cadernetas do mundo de gente que jura ter recebido aquela mesma mensagem de suspensão. E todos os ex-alunos podem usar esta crônica como a mensagem do Guilherme Nucci: leia, “grite e passe”. Apareçam!

Pregado no poste: “Sábado está chegando!”

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