Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2000Crônicas

Grande novidade!

Em relação a Campinas, a Holanda está mais de trinta anos atrasada. A notícia saiu na IstoÉ: “Última chamada, dirija-se ao bordel de embarque… Um dos primeiros presentes que o aeroporto internacional de Amsterdã vai ganhar no ano 2000 – não o aeroporto em si, mas, digamos, quem por lá passar para aterrissagem ou decolagem: um bordel. A idéia é justamente de uma rede hoteleira de bordéis legalizados. Objetivo dos donos da rede: dar aos passageiros tensos a chance de relaxar.”

Você está rindo, né? Eu também, quando vi a “novidade” dos holandeses. Em 1968, o bairro do Jardim Itatinga começou a nascer, ao lado do aeroporto de Viracopos, cheio de meninas cansadas de apanhar da polícia no alto da Campos Salles com Senador Saraiva ou de ver suas casas, espalhadas principalmente pelo Taquaral, invadidas por meganhas da Força Pública ou investigadores que trocavam vista grossa por propina.

O novo bairro tinha requintes: igreja, padre, serviço do Mobral, posto de saúde, creche (para os filhos das… mães que moravam lá), ponto de táxis… Algumas casas, verdadeiras mansões, exibiam quadras de tênis, piscinas. Para quem chegava de avião, a paisagem era de um bairro chique, mas de ruas esburacadas, porque prefeito algum teria coragem de investir em calçamento e rede de esgoto justamente ali.

Quando Viracopos era internacional, comitivas de apoio de chefes de estado preferiam se hospedar ali, enquanto os governantes cumpriam o programa oficial pelo País. O Itatinga ganhou fama e sofisticação. Tive colegas na Puccamp que moravam lá, também lar de alguns cientistas solteirões. Discrição absoluta. De São Paulo, terças, quintas e sábados, o “Cometa das Seis Horas” vinha cheio de garotas – quase todas bem de vida, que desciam na praça rotatória para táxis que já as esperavam.

Viracopos estava se tornando um programão. Ainda mais com o restaurante do seo Apostol Tako, refinadíssimo e concorrido. Comida excelente, como nunca mais se comeu ali… Diziam que era o único restaurante do mundo com um aeroporto na porta. E um bordel na saída…

Pregado no poste: “Sr. Candidato, não suje este poste com seu nome”

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