Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2000Crônicas

Graças a ela!

Chiquinha Gonzaga, porta-bandeira da libertação da mulher no Brasil, exclamava pelas ruas do Rio: “Ô abre alas, que eu quero passar!…” Eram 17 milhões os brasileiros e 1,2 bilhão, a população do mundo. “Você aperta o botão e nós fazemos o resto”, anunciava a propaganda da câmara Kodak. Era o fim do “Olha o passarinho!”. E a mais recente invenção para a molecada caçar passarinho vinha como inovação tecnológica ao velho e emblemático estilingue: a espingardinha de chumbo sob pressão.

O mundo fervia no último ano do século 19. Os bondes elétricos começavam a circular por São Paulo e o metrô, por Paris. O lampião de gás era substituído pela eletricidade nas ruas da capital paulista. Ah! Chegavam os pneus Firestone. Na ciência, a grande novidade era a descoberta dos tipos de sangue: A, B, AB e O e na exposição universal de Paris, uma engenhoca espantava os ilustres visitantes: um gravador magnético. Já imaginou a cara deles? Sigmund Freud desvendava os mistérios da mente com sua obra “A interpretação dos sonhos”. E os brasileiros discutiam se Capitu tinha traído Bentinho com Escobar. Freud explica?

Muita gente famosa nasceu naquele ano: o cangaceiro Lampião, o educador Anísio Teixeira, o escritor Antoine Saint Exupéry, o sociólogo Gilberto Freire, o ex-presidente Castello Branco, o cineasta Luis Buñuel

Campinas livrava-se definitivamente da febre amarela, que quase varreu a cidade do mapa, e tinha um de seus filhos mais ilustres, Campos Salles, na presidência da República. Foi um rito de passagem traumático os quatro últimos anos do século XIX para o XX. Antes da febre avassaladora, a cidade havia experimentado um desenvolvimento artístico, cultural, científico e tecnológico espetacular. A morte de Carlos Gomes, campineiro e maior celebridade brasileira da época, em 1896, “trouxe a tragédia”, arriscavam os supersticiosos. De repente, em quatro anos, parecia ter chegado o fim daquela comunidade.

Mas a ressurreição veio com ela: Parabéns, Ponte Preta!

Pregado no poste: “Alegres e agradecidos, bugrinos saúdam os ponte-pretanos…”

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