Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Foi assim…

“Abate-se a cadeia quando se funda a escola!

E vão-se a guerra e o crime: a educação é a paz!”

Assim termina o poema de Quirino dos Santos, saudando a criação do Colégio Estadual “Culto à Ciência”. Ele estava lá, com outros documentos, debaixo da soleira da porta principal da escola, onde foi lançada a pedra fundamental desse templo de ensino.

Tempos atrás, a professora e ex-aluna Ana Lúcia Vasconcelos, com ajuda da pesquisa do também ex-aluno, professor e historiador José Carlos Semedo, escreveu uma reportagem contando como tudo começou. Vamos ver o que a Ana Lúcia escreveu?

“Comprada a chácara localizada na Rua Alegre, bairro do Botafogo, no dia 13 de Abril de 1873 houve o lançamento da pedra fundamental do edifício. Ali estavam os cinco membros da diretoria – comendador Joaquim Bonifácio do Amaral, presidente; Joaquim José Vieira de Carvalho, secretário; Jorge Krug, tesoureiro; Américo Brasiliense de Almeida Melo, adjunto de secretário; e Antônio Pompeu de Camargo – e três discursos foram pronunciados. Falou Américo Brasiliense em nome da diretoria; Diogo Pupo, em nome da cidade e Ludovice, acadêmico de Direito, em nome dos estudantes. Um auto de lançamento da primeira pedra foi firmado pelo secretário Vieira de Carvalho e assinado pelos presentes.”.

“Pelo documento, ficamos sabendo que Guilherme Krug entregou a pedra fundamental ao presidente Joaquim Bonifácio do Amaral e que este, ‘acompanhado de todos os diretores, desceu ao alicerce e aí a colocou na parte sobre a que deve ficar assentada a porta principal, na frente do mesmo edifício’, e que terminado o ato, foi encerrado em um vaso de cristal depositado sobre a pedra, o auto, bem como a lista nominal dos acionistas, um resumo histórico da fundação da sociedade, um exemplar de seus estatutos e exemplares do dia 10 de abril de 1873, dos jornais Correio Paulistano, Diário de S. Paulo e Gazeta de Campinas, exemplares do Almanaque de Campinas e Rio Claro e a pena com que o tabelião Pontes lavrou a escritura do contrato de empreitada para a construção do edifício…”

“A obra foi iniciada e no dia 15 de dezembro de dezembro de 1873 estava concluída. Dia 28 de dezembro, posse dos novos diretores, Campos Salles e Cândido Ferreira. Dia seguinte, nova reunião da diretoria, nomeação do professor Ferdinando Boeschentein, para diretor da escola, Daniel Ulmann, para seu vice-diretor… O vigário da paróquia de Santa Cruz, hoje Matriz do Carmo, padre Francisco de Abreu Sampaio, fez o benzimento do edifício e a palavra de inauguração foi dita pelo comendador Joaquim Bonifácio do Amaral, discursando em seguida, Campos Salles.”

Depois dele, declamou o jornalista Quirino dos Santos.

“Abate-se a cadeia, quando se funda a escola!”, apregoava Quirino há 125 anos. Hoje, quando se vêem candidatos de última categoria prestigiando a transferência de presos de uma cadeia para a outra, fica provada a perversão de valores na cabeça dessa gente, que deve imaginar: “Abate-se a escola, quando se funda a cadeia!”. Pois assim está a escola pública, abatida, enquanto governantes fundam cadeias. Como são pequenos!

Para reverter essa situação, não falte à festa dos 125 anos do nosso “Culto à Ciência”, dia 21 de novembro, no ginásio da Unicamp. Dê um alô para nós, confirmando sua presença pelos fones (019) 234.6709 e 231.9707.

Pregado no poste: “Sua primeira namorada estará na festa do Culto à Ciência. Você ainda se lembra dela?”

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