Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2000Crônicas

Fofoca

Dia desses a Silvana Guaiume contou que na Inglaterra, os jornais de fim de semana se preocupam mais em divulgar fofocas de artistas, figurões do governo e da família real (pobre rainha…) do que em abordar temas mais sérios sobre o dia-a-dia dos britânicos. Como hoje é domingo e este jornal não é dado a fofocas, vou contar uma. (Duvida? Um dia, liguei pra cá e contei que a Sandy estava namorando um músico da família Lima. A Daniela Prandi, que editava o “Caderno C”, respondeu: “E daí?”. Fiquei com a cara no chão.).

Mas esta fofoca é legal. Faz tempo. Uma atriz-empresária estrangeira, há muito vivendo no Brasil, é a protagonista. Um jornalista, na época apelidado de “Víbora dos Jardins”, noticiou que a ilustre senhora, em sua juventude, era obrigada pelo marido a usar cinto de castidade toda vez que ele viajava. A notícia valia pela curiosidade e pela crueldade do marido machão, porque, no fundo, ninguém via motivos para tamanho “zelo” com a, digamos, conduta daquela dama. Afinal, além de feia, era mais chata do que gilete no trilho do bonde. Pior: suspeitava-se era de sua honestidade quando captava recursos públicos para suas empreitadas.

A dita cuja, quando soube da revelação, processou o jornalista e exigiu que ele provasse que ela usou cinto de castidade. Provar como? Só faltava ele ter uma foto para exibir no processo. E se ele tivesse a foto, talvez a publicasse junto com a notícia. Aí, seria um escândalo, em vez de fofoca, e o dono do jornal não permitiria a publicação da fotografia. Ninguém tem nada a ver com a vida particular dos outros, como deve, acertadamente, julgar a eficiente Daniela.

O jornalista foi condenado. Pena leve: retratação. Mas colocou em risco sua credibilidade. Acontece que um dia, aquela artista-empresária, que vivia metida com políticos, decidiu escrever a autobiografia e, para ridicularizar o ex-marido, contou que ele a obrigava a usar o cinto. A fulana esqueceu-se de que havia processado um jornalista que revelara essa sua intimidade. Ele, do alto de sua competência, preferiu só registrar o trecho da biografia em sua coluna. Nada mais.

Ganha um pastel de Santa Clara quem adivinhar o nome daquela senhora.

Pregado no poste: “Do que os políticos riem tanto, quando aparecem na TV?”

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