Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

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Fofoca-2 (e chega!)

Aquela do Aeroporto de Viracopos deu a maior confusão. Tem gente que adora uma fofoca. Mas não dá pra contar quem são os protagonistas. Fofoca, dizem alguns cardiologistas e psicólogos, faz bem ao coração, desde que não prejudique os “fofocados”. Certo, mestre Maurício Knobel?

Mas da melhor de todas, quem se lembra bem é o nosso Cecílio Elias Neto. Tenho certeza de que ele pode detalhar tudo, tim-tim por tim-tim. Já não me lembro mais de toda a trama nem como ficou a vida de cada um. O Cecílio sabe e já falou nessa história uma vez, aqui no “Correio”. Aconteceu há muitos anos, na cidade de São Pedro de Piracicaba. É tão saborosa, que a série de reportagens que fiz para o “Estadão”, na época, acompanhando diariamente cada lance, parecia um folhetim.

Foi mais ou menos assim: de repente, o farmacêutico, o dono da padaria, o gerente do banco, a diretora da escola, o prefeito (seo Lazinho, né Cecílio?), o presidente da Câmara, o delegado de polícia, o juiz, enfim, as chamadas “forças vivas da comunidade”, começaram a receber cartas anônimas com fatos escabrosos, comprometendo os respectivos maridos, esposas, noivos e namoradas. Era um tal da mulher do padeiro andar de caso com o farmacêutico; o marido da diretora da escola se encontrar com a vizinha do juiz atrás da igreja, por aí. Foi um fuzuê danado na pacata São Pedro. Imagine o reboliço.

De uma hora para outra, ninguém mais se falava, um olhando pro outro com o “rabo do zóio”, como se diz naquelas bandas. Até que o prefeito Lázaro Capellari (grande figura), resolveu dar um basta na confusão e chamou o “Estadão” para denunciar a rede de intrigas, antes que a coisa terminasse em tiroteio. Foi direto acusando o promotor: “Esse senhor veio de fora, não gosta da gente e está fazendo essa maldade. Ele é uma desonra para o Ministério Público. Imagine, que toda noite ele toca piano numa boate e até inventou de fazer um concurso de ‘pum’ naquele inferninho.”. O promotor me recebeu com cordialidade, negou tudo, claro (menos a boate e o “pum…), mas achou melhor pedir transferência para outra comarca. Conseguiu. Foi parar em Ibiuna. E as cartas anônimas continuavam a infernizar o povo de São Pedro.

Depois de algum empo, o mistério se desfez. O autor das cartas era o padre! Descobriram pelo tipo das letras da máquina de escrever da sacristia – igualzinho ao das letras das cartas. Aí é que a coisa pegou fogo. Será que o padre escrevia as cartas revelando segredos do confessionário? Acho que essa dúvida martela até hoje a cabeça do pessoal da cidade.

Outra fofoca boa aconteceu em Campinas, quando passou o filme “Proposta indecente”. Diz que um casal da alta roda estava na pior. Ele, bonitão, rico; ela, bela, descolada. O cabeleireiro dela era dos poucos que sabiam da bancarrota iminente. (Os cabeleireiros sabem de tudo e são um poço de discrição.).

Naquele momento de aperto, US$ 55 mil dariam para, pelo menos, tirar o moço do sufoco e salvar as aparências. A proposta veio do cabeleireiro: “Queridinha, sei de tudo e posso salvar vocês dois. É um sonho que vem desde a adolescência, sabe? Uma noite com ele e eu quebro esse galho. É pegar ou largar. Vocês decidem.”.

Pregado no poste: “Número de falências diminui em Campinas.”

E-mail: jequiti@zaz.com.br

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