Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Feijão assado

Essa é parecida com aquela aventura da secretária e do chefe que fazia aniversário. Como as “manias”, publicadas em nossa conversa de ontem, esta estorinha vem sendo distribuída na porta de escolas. Não sei quem é o autor, mas leva jeito de ser algum professor de cursinho, interessado em brincar com seus alunos. É provável que você já a conheça. É contada assim:

Havia um homem que adorava feijão assado. Mas sempre que comia, o feijão provocava uma reação embaraçosa nele. Algo muito forte. Um dia, o homem encontrou uma garota e se apaixonou. Quando estavam de casamento marcado, o homem pensou consigo mesmo: “Ela nunca agüentará ficar casada comigo se eu continuar fanático por feijão assado.”. Então, ele fez um sacrifício supremo e deixou os feijões. Pouco depois, estavam casados.

Passados alguns anos, ao voltar do trabalho, seu carro quebrou e, como estava meio longe, ele ligou para a mulher e avisou que chegaria atrasado, pois teria de ir a pé. No trajeto, passou por um pequeno restaurante e o delicioso aroma do feijão assado o seduziu.

Como faltavam muitos quilômetros para chegar, achou que poderia andar e se livrar dos efeitos do feijão, antes de chegar em casa. Entrou, pediu seu prato favorito, matou a saudade e saiu. E olha que ele nem aceitou batata-doce, repolho e ovo cozido para acompanhar, apesar da insistência do garçom. No caminho, “comemorou” a refeição, soltando seus “rojões”, em cada descida e em cada subida. Quando chegou, já se sentia mais seguro.

A mulher o recebeu e parecia contente. Até exclamou: “Querido, tenho uma surpresa maravilhosa para o jantar de hoje!”. Pôs uma venda nos olhos dele, guiou-o até a cadeira na ponta da mesa e fez prometer que não olharia pela venda. Nesta hora, ele já sentia mais um vindo! Bem quando sua mulher já estava para retirar a venda, toca o telefone. Pediu que ele não retirasse a venda e foi atender. Enquanto ela estava longe, ele aproveitou, levantou a perna, deixando um ir embora. Fez barulho e fedeu como ovo podre. Ele deu uma respirada difícil, parou um pouco, sentiu a carniça pela venda e soprou em volta dele.

Quando já se sentia melhor, outro começou a vir. Levantou a perna e… parecia um motor diesel ligando, com cheiro mil vezes pior. Para não se engasgar, abanou o ar com as mãos. Veio outro! Deixou o torpedo ir embora. Mais um. Este foi o campeão: as janelas chacoalharam, os pratos da mesa tremeram. Em um minuto, as flores da sala murcharam. A mulher ainda falava ao telefone e ele ficou assim: soltando e abanando com o guardanapo a toda hora.

Quando ouviu o telefone desligar (indicando o fim de sua solidão e liberdade), colocou o guardanapo na mesa e pousou as mãos em cima. Sorrindo de “contentação”, era o próprio retrato da inocência, quando sua mulher entrou. Desculpando-se pela demora, ela perguntou se ele havia olhado para a mesa de jantar. Depois de ele jurar que não, ela retirou a venda dos olhos dele e… surpresa!!!

Para seu horror e choque, havia doze pessoas sentadas em volta da mesa para sua festa-surpresa de aniversário!

Pregado no poste: Hoje, às 20h30, na TV Cultura, entrevista com Augusto Boal. Raro momento de inteligência na TV brasileira.

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