Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Fala Ó, São Pedro!

Como bem descreveu o Rogério Verzignasse, finalmente alguém levou alegria para o céu. Lá, Deus abriu todos os caminhos, todas as nuvens, pra ele distribuir aquela felicidade só dele. Ninguém conhecia Campinas e a alma de Campinas e de seus campineiros melhor do que o nosso Mané.

Mas como deixar assuntos sérios nas mãos de políticos só dá besteira e disparate, é bom repassar aqui, desde já, mensagem que recebi de um amigo que não vejo há muito, o Renato Gagliardi: “… mas hoje, acho que o motivo é justo e sublime: aproveite que você tem uma tribuna para ser lido (e ouvido) e lidere uma campanha para que nossa sofrida cidade tenha uma praça ‘Mané Fala Ó’, estátua de corpo inteiro, de bicicleta e tudo o mais a que tiver direito. Estou certo de que o marechal Tito e o presidente Kennedy nunca ouviram falar de nossa cidade e nada fizeram por ela. Então, que tal renomear essas praças para ‘Mané Fala Ó’ ‘Gilda’ ou ‘Dito Colarinho’? Quem sabe se um vereador qualquer não acaba comprando a idéia? Felicidades.”.

Bem lembrado, Renato, porque, não demora, vão dar o nome de Stalin, Mao, Hitler, Pinochet, Fidel Castro (adoram facínoras) para algum logradouro de Campinas. Até exposição comemorativa já fizeram para o Stalin. O marechal Tito ganhou aquela avenida e aquele ‘morcegão’, sem ter feito nada pela cidade, mas foi amigo do seo Pagano. Nem sei se é por isso. E Joãozinho Kennedy, então? Se ainda fosse a Jacqueline…

Imagine que aquele torturador chamado Getúlio Vargas é homenageado nesta cidade onde ele assassinou tanta gente em 1932 e depois. Bom momento para se fazer uma limpeza, apagando daqui nomes como Costa e Silva, Castello Branco, 31 de Março. Será que até o Médici? Deus me livre! Fillinto Muller? Duvido! (Quando ele morreu, na queda do avião da Varig, em Orly, o Roberto Godoy e eu quisemos dar a seguinte manchete: “Morre Filinto Müller, mas morre Agostinho dos Santos”. Mas a censura…).

Já pensou que bonito? Avenida Mané Fala Ó; Rua Gilda; Praça Dito Colarinho; Travessa Zé Trovão; Largo Firma Nega; Beco do Fala Rio. Olha, eu ficaria orgulhoso demais se morasse numa rua com um desses nomes de gente, gente de verdade, que só alegrou e marcou bem minha cidade. E Campinas seria a primeira cidade do mundo a homenagear em seus caminhos só pessoas do povo, de quem o povo não se esquece jamais.

Pregado no poste: “Alguns políticos querem a pena de morte; outros, a morte das penas”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *